segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ame Sua Missão


Abrindo um pouquinho mais meu coração, queria compartilhar um pouquinho desse sentimento. O que toda essa ação traz como consequência, a alegria e a satisfação de estar fazendo o que faço e a conquista do continente. Isso como uma forma bem diferente de fazer você perceber que a possibilidade de ser feliz tá logo ali, na pontinha do dedo. É só fazer. Simples assim.

Os últimos dias tem sido de trabalho intenso. Não saio da frente do computador, não saio de casa. Só bolando estratégias e contabilizando as arrecadações, pensando em meios de divulgação e realização do marketing prometido, perturbando desde o papa argentino até o egípcio revolucionário que conheci. Cansativo? Muito. Cansado? Jamais.

Quem falou que “se trabalho fosse bom não era remunerado” não poderia estar mais equivocado. E é aí que mora o imenso desafio de todos. Quando a gente trabalha com um ideal, um sentimento e consegue vibrar a cada conquista, cada passo dado, o trabalho se torna um vício. Sempre detestei o termo, mas dá pra falar que sou quase um workaholic. Também pudera, amo isso.


Chegar aqui não foi fácil. Tá pensando que foi “mãe, vou pra África” e a resposta foi “se cuida”? A tropa familiar e vários amigos se opuseram de cara à proposta. “É muito perigoso”, “vai pra lá pra quê”, “tá maluco” e por aí vai. Ouvi muito também do “admirável a sua conduta, mas eu jamais faria”. Banquei a viagem, comprei a briga e... Convenci todo mundo de que foi o melhor passo que já dei na vida.

Sem orientação profissional e fissurado pelo lance da ajuda, estava aqui o meu destino. Faltava um sonho, uma meta. Alguma coisa digna de se “viver para”. A missão. Até já falei um pouquinho desse tema, mas o momento é especial pra reiterar. O outro lado da moeda era focar num ganho financeiro (sem razão de ser nenhuma), concordando com tudo que era dito sobre garantir a vida independentemente de ter que passar horas trancado num escritório.

Por incrível que pareça, essa acaba sendo a escolha de grande parte das pessoas. Com medo do risco, da incerteza, do inseguro, optam pelo caminho da “garantia”. O trabalho passa a ser um fardo insuportável, mas necessário pra bancar “as coisas boas da vida”. Esse pessoal certamente nunca pensou sobre a importância do trabalho SER uma dessas coisas boas. Abandonam sonhos, ideologias, em prol de uma ambição (econômica) de se tornarem ricos, bem-sucedidos.

Essa galera não teve aula comigo no colégio. Um dos aprendizados que faço questão de lecionar nas escolas é fácil: qual o significado de sucesso? O que significa ser bem-sucedido? Claro que dentro do ambiente da favela de Mukuro, “dar certo” significa atingir metas que, pra quase todos nós, já conquistamos ao nascer. E fica a pergunta: qual a sua missão?


Pra atualizar a arrecadação, vocês são espetaculares! Em poucos dias de campanha, posso encher o peito pra dizer que o banheiro será construído. Isso significa que as crianças não terão que se aventurar pelas vielas no meio das aulas pra castigar a natureza na porta de alguma casa. Lembra do “professor, posso ir ao banheiro?”. Agora pode. R$3.960,00 (três mil, novecentos e sessenta reais) e U$650,00 (seiscentos e cinquenta dólares). Cadê a galera da comida e do material escolar? Vambora!

domingo, 28 de abril de 2013

Quem? Eu?


Fechando o pacote explicações da campanha, vem um dos “detalhes” mais importantes. Quem é esse cara que foi se meter no sudeste africano pra dar um pouquinho da sua contribuição a um dos lugares mais carentes, em todos os sentidos, deste planeta Terra. A arrecadação segue de pé, clique aqui se você ainda não sabe como pode contribuir com as crianças da favela de Mukuro.

Percebi de cara que é mesmo complicado escrever uma mini autobiografia. Tarefa árdua saber o que é relevante e o que não é. De cara, peço perdão por qualquer frase que pareça arrogante. Sou um pouco nojento mesmo, mas nada como o velho hábito de vender meu peixe. Consequência de formação acadêmica em Direito que aprimorou minha eloquência e me tornou ainda mais “insuportável”.
                                                                       
Muito prazer, Bruno Sterenberg. Nascido nas Laranjeiras em doze de junho de mil novecentos e noventa (ah, tá nas fraldas ainda), frequentei alguns colégios até acabar na PUC-RJ. Privilegiado, moro em diferentes casas em função da variedade de núcleos familiares que amo de paixão (avós, mãe, avó e pai). Calma família que não está em ordem nenhuma.


Muitos me perguntam, por que África? Gosto de responder, com toda a sinceridade do mundo, por dois motivos: o primeiro, pela miséria (o continente é parâmetro mundial do tema) e uma vontade sem tamanho de causar um impacto e ajudar indivíduos que habitam o continente esquecido. Segundo, pela falta de horizonte profissional que vem desde a época de estudante.

Sabe aquela certeza imensa, proveniente de uma intuição muito forte, de fazer alguma coisa por ser o certo? Então, eu sabia que na África encontraria a solução dos dois caminhos. Sim, encontrei meu norte profissional nos Direitos Humanos, no qual pretendo me especializar quando voltar. Sim, consegui fazer um impacto grande na Tanzânia e agora dou o máximo pra fazer o mesmo no Quênia.


Ontem tive uma “discussão” com meu pai. Falei sobre as pessoas que curtem foto de gatinhos e comida adoidado no Facebook, mas são incapazes de pararem pra prestar atenção em assunto sério. Depois, aleguei ser mais importante sair da zona de conforto pra fazer algo do que ficar em casa. Brilhantemente, o homem me respondeu que era igualmente importante quem contribuía e quem se aventurava.

Sem as pessoas que vão mundo afora fazendo algo, nada acontece. Sem as pessoas que subsidiam e contribuem para que essas iniciativas sejam possíveis, nada acontece da mesma forma. Odeio perder uma discussão, especialmente pro meu progenitor, mas vou dar o braço a torcer. Ponto pra ele na discussão. O que significa que as crianças dependem tanto de mim quanto de você.

A partir de hoje, irei relatar o ritmo das arrecadações e divulgar os resultados, conforme prometido. Até então, R$2.530,00 (dois mil quinhentos e trinta reais) arrecadados em conta bancária, U$1.250,00 (mil duzentos e cinquenta dólares) por entrar (quinhentos e cinquenta com dona mamãe, setecentos e cinquenta de outros três doadores) e muitas promessas de contribuição. Faça sua parte! Vamos!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

FAQ (Frequently Asked Questions)


Se ficou qualquer dúvida em relação à campanha e ao programa de doação, esse é o lugar certo pra você procurar. Lógico que pode mandar e-mail também, mas não custa nada conferir aqui antes! A campanha está na publicação anterior a essa (só descer a telinha). Além de contribuir, não se esqueça de divulgar aos quatro ventos por esse Brasil afora de meu Deus! Se surgirem outras perguntas, vou acrescentando.

Bruno, não entendi. Qual é a importância de contribuir com a Childrock Initiative?

A Childrock Initiative é uma instituição que promove o desenvolvimento de crianças da creche até o ensino médio. Para isso, eles contam com colaborações através de doações e patrocínios pontuais. As crianças dependem desse auxílio financeiro, seja para comer ao menos uma refeição por dia ou para ter uma formação educacional digna.

Mas a minha doação vai pra onde?

O dinheiro deverá ser sinalizado de acordo com a sua preferência individual. Então se você quer que a verba aplicada vá pra finalidade 111, basta inserir como identificador na transação bancária o código 111. Se não houver qualquer sinalização, esse valor será destinado conforme conveniência pessoal e necessidade orçamentária . Caso não encontre essa possibilidade (dependendo do banco), pode inserir o código nos centavos (11, 22 e assim por diante).


Por que pra sua conta?

Não tinha como abrir uma conta em nome da instituição. Ao mesmo tempo, eu serei o único responsável por fazer todas as aquisições e conectar o seu dinheiro com a finalidade proposta. Existe uma conta da instituição, mas não ao meu controle. Se fosse direto pra lá, eu não seria capaz de dar o feedback esperado por você.

Não entendi de novo. Como funciona isso do identificador?

Toda transação bancária leva uma identificação pra que o destinatário possa saber quem mandou ou por qual motivo. Nesse campo deverá ser preenchido o valor 111, 222 e assim por diante, de acordo com a sua escolha. Pras doações maiores que cinquenta dólares (com direito a cartinha, portanto), um e-mail pra bruno.sterenberg@gmail.com deverá ser enviado pra que o seu retorno seja providenciado.

Caso exista qualquer insegurança quanto à credibilidade, é só procurar no blog as publicações mais antigas ou mandar um e-mail direto para mim que responderei com prazer.


Bruno, não consigo escolher qual opção é a melhor. Me ajuda?

Ajudo. Na ordem de prioridades, acredito sinceramente que a existência de um banheiro no colégio é essencial. Logo em seguida, tanto a alimentação diária quanto o kit escolar são fundamentais pro bom andamento das aulas. A construção do colégio também é espetacular. Agora é com você.

Quero contribuir. Preciso depositar em dólar ou converter antes?

A conversão é só pra você ter uma ideia mais precisa do valor que está transferindo. Toda a transferência ou deposito poderá ser feita em reais, que vai se transformar em dólar na hora que for inserida no meu cartão, pra sacar aqui.

Quero patrocinar a bolsa de estudo de um jovem. Como fazer?

A bolsa de estudo pra garantir o ensino médio de um adolescente custa U$4.000,00 (quatro mil dólares) pelos quatro anos de estudo. Isso dá alimentação, transporte para o colégio e de volta, dinheiro para sobrevivência, uniforme e livros. Para os interessados em contribuírem pelos quatro anos, o contrato será feito direito com a instituição, embora intermediado por mim. Só falar.


Caso um orçamento seja atingido, o que acontece com a minha doação?

Se a verba ultrapassar os valores esperados, o excedente ficará à disposição da administração para ser aplicado nas áreas de maior necessidade.

Bruno, doei cinquenta reais. Cadê minha cartinha?

O valor da campanha está estabelecido em dólares. Então não se esqueça de sempre converter pra saber com quanto se está efetivamente contribuindo (não precisa converter pra transferir). Além disso, o seu nome não estará identificado na transação, já que o identificador será utilizado para saber a destinação do dinheiro. Pra garantir sua cartinha ou vídeo, é necessário mandar e-mail para bruno.sterenberg@gmail.com, com o comprovante da transação/depósito e o seu nome ou o nome de quem você quiser homenagear.

Quero doar só vinte reais. Posso?

Mas é claro! Os orçamentos serão atingidos com a participação coletiva. Se você doar vinte reais e arrumar mais quatro amigos que doem vinte reais, já temos aí aproximadamente cinquenta dólares. O valor é importante, só que mais importante ainda é a contribuição de coração dentro do possível.

Ah, quer dizer então que você vai acompanhar todas as tarefas e comprar tudo?


Não será possível acompanhar os processos a longo prazo. Por exemplo, quanto à alimentação, não posso comprar comida para um ano a partir de agora, por ser necessária a aquisição de legumes fresquinhos, carnes, vegetais, frutas, etc. Mas confio na capacidade administrativa da instituição, que dará feedbacks constantes.

O que significa “professor” na tabela?

O campo “professor” significa o salário mensal dos professores. E não se assuste porque cada um recebe aproximadamente cem dólares (oitocentos e poucos shillings) mensais mesmo. Pros padrões de cá, não é tão bom, mas é certamente melhor do que os 60% da população que vive em favelas com menos de um dólar dia.

Como é feita a escolha do aluno para a bolsa de estudo?

O colégio segue um sistema rigoroso de meritocracia. Não acredito que seja a melhor forma de escolher os alunos mais “promissores” (não necessariamente são os de melhor nota), mas é um sistema que incentiva e estimula uma competição para ser o melhor na sua sala. Existe até um ranking e os patrocínios são direcionados aos melhores alunos.

Tenho planos maiores e quero bancar objetivos mais ambiciosos. Posso?

Pode. Espetacular. Metas para projetos maiores como a renovação de salas, construção de uma nova escola, dentre outros, estão à disposição mediante consulta. Favor mandar um e-mail para bruno.sterenberg@gmail.com que juntos providenciaremos o melhor destino da sua contribuição.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Agora É Sua Vez!


Chegou a sua hora. Para todos aqueles que esperavam uma forma de ajudar, eis aqui. Essa ajuda será feita através de doações, fundamentais para o sustento e funcionamento do colégio e que garantem o futuro de muitas crianças da favela de Mukuro. Para conferir bolsas de estudo a meninos como George, da carta, o alimento diário das crianças que lá estudam e dar uma chance à vida dos alunos da Childrock.

Vamos ao que interessa.

Não é surpresa que o colégio necessita de várias melhorias e ajudas em praticamente todos os aspectos. No entanto, solicitei um orçamento das principais necessidades da Childrock para que as contribuições tivessem um objetivo específico. Não precisa bancar o orçamento! As doações serão somadas até atingirem o valor objetivado. Então, o doador deverá escolher a área que julgar mais importante para o desenvolvimento da instituição e dos jovens. As opções são as seguintes:

Número
Objetivo
Orçamento
111
Construção do Banheiro
U$1.500,00 (mil e quinhentos dólares)
222
Kit Escolar**
- Criança Sorridente
- Criança Feliz
- Criança Pulando

- U$5,98 (cinco dólares e noventa e oito centavos)
- U$10,22 (dez dólares e vinte e dois centavos)
- U$26,26 (vinte e seis dólares e vinte e seis centavos)
333
Alimentação**
- Semanal
- Mensal

- U$3,96 (três dólares e noventa e seis centavos)
- U$15,80 (quinze dólares e oitenta centavos)

(Acrescente talheres, um prato e um copo por apenas um dólar)
444
Professores**
U$106,01 (cento e seis dólares e um centavo)
555
Bolsa de Estudo**
U$4.000,00 (quatro mil dólares)

* Os valores estão acrescidos de 10% (dez por cento) para cobrir eventuais custos como inflação, variação no câmbio, custos de transferência de dinheiro, etc.
** Cálculo individual para uma criança/jovem/professor.
*** Opções mais custosas estão à disposição mediante consulta (ex: renovação de salas).

Criança Sorridente = Livros (Exercício e Didático) + 2 Canetas + Lápis, Borracha e Apontador
Criança Feliz = Criança Sorridente + Régua e Conjunto de Matemática + Um Brinquedo
Criança Pulando = Criança Feliz + Carteira (Mesa)

Toda vez que você fizer uma transferência bancária (explicada adiante), deverá utilizar os números como forma de identificar a destinação do dinheiro. Exemplo: acredito que a construção de um banheiro é prioridade, então vou doar um valor X com o identificador 111 para contribuir com o objetivo da minha preferência. A identificação é desejável mas não obrigatória, hipótese em que o montante ficará à disposição da administração para ser aplicado nas áreas de maior necessidade.

Dessa maneira, cada um pode ajudar no que julgar ser mais importante. Principalmente, com a certeza de que o dinheiro que chega possui uma destinação certa e não será utilizado de forma aleatória. Isso garante que você possa exigir de mim a contraprestação exata ao que foi doado. Esse sistema garante maior transparência para quem contribui e possibilita ver o resultado da sua contribuição posteriormente. Cabe lembrar que os valores estipulados estão em dólar e não em real. Por favor, confira sempre a cotação do dólar no dia da sua contribuição.

Alguns orçamentos possuem um teto (por exemplo, o próprio banheiro). Portanto, o valor que ultrapassar o necessário será remanejado para as demais necessidades. Para que isso não aconteça sem o conhecimento de todos, as cifras serão sempre atualizadas, bem como o montante arrecadado pra cada finalidade.

É importante ressaltar que não será possível supervisionar a realização dos objetivos de longo prazo pessoalmente. Portanto, quanto à alimentação, por exemplo, darei o feedback quanto ao curto prazo enquanto o retorno a longo prazo será conferido pela própria instituição. Terei o prazer de repassar ao conhecimento de todos.

Além do vídeo produzido, uma campanha de marketing estará em vigor. Para cada U$50,00 (cinquenta dólares) doados, o contribuinte ganhará uma cartinha pessoal de agradecimento dos alunos. Para cada U$100,00 (cem dólares) doados, o prêmio será um curto vídeo de agradecimento. Não é por nada não, mas saber que você foi o responsável pelo sorriso de uma criança na África é algo para se guardar pra posteridade e ver todo dia quando acordar.

Apesar de ter averiguado conta bancária aqui, percebi que a transferência internacional seria um fator desmotivador para alguns pelas dificuldades encontradas. Com isso, não irei mais usar um banco queniano, mas o bom e velho Itaú. Assim que a doação bater na conta, o dinheiro será transferido para o meu cartão Visa (internacional), permitindo o saque de qualquer instituição financeira no Quênia. Todas as doações deverão ser feitas para a seguinte conta, com os dados a seguir:

Banco Itaú (341)
Agência: 0380
Conta: 64536-6
Nome: Bruno Cerqueira Sterenberg
CPF: 139.615.667-47

Apesar de toda a explicação, a próxima publicação contará com esclarecimento de eventuais dúvidas. Para mais detalhes, acesse www.dreamingafrica.blogspot.com.br. O extrato da minha conta bancária, planilha detalhada de custos, bem como qualquer informação desejada, poderão ser solicitados enviando um e-mail para bruno.sterenberg@gmail.com.


Como o identificador da doação será o número que simboliza a destinação da verba e não o seu nome, peço para que os interessados em suas cartinhas e vídeos mandem um e-mail com o comprovante da transação e o nome. Ah, e vale homenagear outras pessoas também! Vamos promover essa mudança juntos! Conto com você!


terça-feira, 23 de abril de 2013

No Forno


To sem tempo até de escrever o blog. O que é um excelente sinal. Depois de um dia inteiro de reuniões exaustivas sobre orçamentos, o funcionamento das transferências internacionais, a aplicação das receitas e muitos outros tópicos de interesse geral, consegui chegar em casa. Claro, pra trabalhar mais algumas horas em prol do projeto, que sei que irá compensar (com juros) todos os esforços.

E é com imenso prazer que anuncio que a campanha de arrecadação deverá sair do forno amanhã! Digo deverá porque vai depender praticamente apenas da minha agilidade e concentração pra tomar os últimos passos e seja o que Deus quiser. Estou certo que Deus vai querer um bocado, já que pelas ruas de Nairobi é Jesus pra lá e Jesus pra cá por conta da barba. Melhor assim, ninguém vai querer mexer com o filho do Cara. Assim espero.

Assim como toda refeição deliciosa prestes a ficar pronta, a arrecadação não está diferente. Uma boa dose de expectativa, uma dosagem cavalar de cautela e muita confiança. Misture bem e retire do fogo no momento certo. Sem deixar desandar, lógico. Conferiu todos os ingredientes? A panela tá bonita? Vai gerar melhorias e mudanças? Tá na hora de degustar.


Apenas para ilustrar, uma das “discussões” que tive hoje foi a respeito da administração de recursos. Confio plenamente na competência dos administradores da organização, mas se a banda não tocar conforme o maestro que vos escreve, não dá. Portanto serei diretamente responsável pelo manuseio e aplicação de todos os recursos, que terão os fins escolhidos pelos próprios doadores: vocês.

Só pra dar um gostinho de quero mais, cada item terá um orçamento previsto e um número identificador. Dessa forma, toda doação terá uma destinação específica, de acordo com o que cada um acreditar ser melhor. Portanto, se eu entendo que o item 1 é mais importante que o item 2, como prioridade, faço a doação com o identificador 0001, para que aquela verba seja comprometida conforme a opção do doador.


Gostou? Então segura a onda que amanhã vem a publicação derradeira com uma enxurrada de detalhes e informações. Nesse exato momento, às duas da manhã, vários duendes se mobilizam ao meu lado para garantir que tudo ficará pronto no tempo certo. Ao mesmo tempo, Oompa-Loompas laborando na confecção chocogalática na cozinha. Ah, como eu queria um cacau.

 No meio dessa confusão de hoje, deu tempo de um programa bem tradicional. Saída pra comer uma pizza dois por um no Pizza Inn (toma essa, Domino’s) com gostinho de queijo antigo e tomate idoso (toma essa, Pizza Inn). A importância psicológica do junk food num momento crucial é incomensurável. Mesmo não sendo muito fã da prática da comida ruim, eventualmente é válido.

Tive uma proposta tentadora pra voltar pro Rio, mas jamais seria capaz de abandonar as crianças assim do nada. Pra aumentar a identificação com o país, ainda ganhei um presente que será essencial pra construção de qualquer carreira: a constituição queniana. Agora tenho exemplares dos dois países que morei. Muita coisa pra aprender e muita matéria que estudar. E numa explicação meio sem nexo me dá uma saudade surreal de casa. Segue o barco.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Reaquecendo as Turbinas


Escrevi essa publicação há três dias atrás, mas fiquei o final de semana inteiro sem internet. Como não tinha créditos suficientes no celular, não deu nem pra ativar o 3G e evitar o surto coletivo de todos os familiares. Pra melhorar, nessa segunda-feira depois do trabalho cheguei em casa e... sem luz. Consequentemente, a internet que estaria consertada também não funcionava (o modem depende de eletricidade). Que fase.

Meio doente, tive a ideia de fazer um segundo vídeo promocional pra campanha. Então quando a panela começar a querer desandar, vem um lembrete de que o futuro de várias crianças está na mão de vocês. E está mesmo. Aliás, se qualquer um tiver uma criatividade aguçada e quiser sugerir uma ação inteligente, todo auxílio é muitíssimo bem vindo.

Contrair qualquer problema tem sido rotineiro nos finais de semana. Certa vez li que todas as doenças físicas costumam ter uma causa interna ou são consequências de “problemas” psicológicos que precisamos tratar. Acredito que a repetição de febre, gripe ou cansaço são frutos do choque de realidade sofrido cotidianamente. Tem vezes que é complicado.

Não mencionei um fato relevante outro dia por estar compartilhando muitas informações “desagradáveis”. Marina, uma amiga minha que também faz trabalho voluntário no Quênia, mas em outro colégio, testemunhou um aluno que não conseguia se concentrar de forma alguma. Ao ser questionado, explicou que não comia há três dias.

Não para por aí. Ela também relatou no blog dela (clique aqui) a realidade de ter visto um cidadão morrer de fome. Literalmente. O indivíduo tentou levantar-se do chão pra seguir em frente. Totalmente sem forças por conta da inanição, desabou como um saco de batatas e por ali ficou, sem vida. Aparentemente não deu tempo de oferecer qualquer alimento ao sujeito.

É triste pensar que situações como essas se repetem diariamente e passam completamente despercebidas. Apesar de dizerem que problemas maiores não justificam problemas menores, como posso reclamar da falta da internet depois de ter dormido por horas confortavelmente no meu colchão e acordar degustando uma torrada com manteiga? Não dá.

Quanto ao projeto, pode ficar tranquilo que tá em andamento. O problema é que a dependência de milhões de outras pessoas (algumas da AIESEC, outras da própria Childrock), fico de mãos atadas pra dar continuidade e finalmente inaugurar a iniciativa. Mas pode descansar sossegado que vai sair do forno ainda essa semana, pelo menos!

Uma atitude que me deixa transtornado na casa é a reclamação constante de absolutamente tudo por parte de todos os outros. Será possível que nem o mais evidente dos aprendizados não conseguiram absorver? Além de saírem pra curtir a vida todo final de semana depois de ver a situação degradante da favela, ainda ficam reclamando da ausência de qualquer coisa. Impressionante.

Portanto, dá pra concluir seguramente que não é só o ambiente que faz a experiência. Não adianta nada vir pra cá fazer o trabalho e continuar com os olhos fechados pro mundo. Dentro de casa, num momento de reflexão, pode se aprender muito mais do que qualquer pessoa que vem ver mas não enxerga.  Capisce?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Contratempos


O aquecimento das turbinas continua a todo vapor, mas o avião ainda não vai decolar nessa sexta-feira. Acontece que fiquei o dia inteiro (literalmente) editando o vídeo promocional da campanha. Não porque queria fazer só isso, mas o surgimento de vários contratempos adiou o meu planejamento. Que a peteca não caia e o balão só tenha a subir. Segura!

Primeiro, dependo de uma apresentação de orçamentos por parte do colégio que não ficou pronta a tempo. Não foi por mal, mas realmente todos os professores e coordenadores trabalham demais pra dar conta de todas as necessidades das crianças. No total, os educadores são uma equipe de sete pessoas (sem contar com o auxílio gringo) cuidando de nove séries (oito mais a pré-escola), com classes de oito da manhã até as duas da tarde todo dia. Visualize a situação.

Comentei com algumas pessoas que o trabalho de arrecadação será mais rigoroso que controle de aeroporto americano pós 9/11. Para isso, é imprescindível uma folha com o registro de todos os valores pra todas as necessidades. Independente da área de qual provém, toda despesa e todo gasto devem estar contemplados neste belíssimo pedaço de papel.

Confio plenamente na capacidade administrativa dos coordenadores. Confio mais ainda na minha capacidade de administrar gastos. Esse notório mão-de-vaca que me habita e controla cada aquisição que faço além de reclamar das que foram feitas sem necessidade tinha que servir pra alguma coisa. Já que depois da arrecadação ainda terei um bom tempo de Quênia, dá tempo de fazer tutto.

Depois, meninada da AIESEC ficou me devendo um documento que me dava credibilidade suficiente pra abrir a conta bancária. Mais um dia, a organização universitária cobrou a conta e exigiu trabalho de tal forma que fez Jobs e Gates juntos parecerem juvenis preguiçosos. Não sobrou tempo pro brasileño mais pentelho da Terra ganhar seu pedaço do bolo e fiquei sem o papel.

Como se não bastasse, ontem fiquei tentando montar o vídeo de todas as maneiras possíveis sem sucesso. Além do formato do arquivo ser .mov, o que descobri ser motivo de rejeição inicial pra quase qualquer programa de edição, demorei séculos pra conseguir um aplicativo bom o suficiente pra aguentar todas as ideias dessa cabeça mirabolante. Não se preocupem, o filme será divulgado no momento oportuno. Ahá.

Acabando de escrever o blog, vou esboçar o texto de divulgação da campanha. Digo esboçar porque as principais informações são o orçamento e os dados pra transferência internacional, ambos que ainda não possuo. Depois, uma relaxada tomando um delicioso suco de lichia que comprei julgando ser gostoso e Manu Chao pra dar a nota. Vamos com tudo!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Se


E se você pudesse contribuir com o futuro de uma criança? E se você fosse capaz de ser grato pelas oportunidades que teve, sejam elas de família, de estudo ou de trabalho? E se você soubesse que essa possibilidade é real, basta querer? E se você parasse pra pensar em tudo que a vida lhe proporcionou, deixando de dar condições sequer similares pra crianças ao redor do mundo?

Se você tivesse condições de fazer algo por alguém, ainda que isso exigisse muito pouco, você faria? E se houvesse uma contrapartida, uma resposta pras suas ações, você faria? Se você pudesse deitar a cabeça no travesseiro tranquilo todas as noites, sabendo que contribuiu para que alguém, em algum lugar do mundo, tivesse chances maiores de ser feliz, faria?

Imagina se você tivesse a capacidade de mudar o mundo, você mudaria? Se tivesse a chance de sair dessa realidade abençoada e estender as mãos pra gente doente e com sede, faria? Se você parasse pra pensar em outro mundo completamente diferente do seu, onde pessoas morrem de fome mesmo, sem ser apenas uma expressão, você pararia pra pensar?
 
Se você soubesse que a cada mil crianças nascidas no Quênia, cento e vinte e seis morrem? E se você soubesse que a expectativa de vida é cerca de cinquenta anos, quase metade do que muitos de nós esperamos (e temos condições de) viver? E se você, sabendo disso tudo, decidisse ficar parado e não procurar qualquer iniciativa?

E se você tivesse alguém que fizesse uma ponte entre a sua vontade de ajudar e a necessidade saber pra onde esse dinheiro está indo? Se você fosse capaz de sair da zona de comodidade e tomar alguma atitude, sendo fácil como tirar doce de criança, você faria? E se você, ainda que na dúvida sobre a credibilidade desse camarada, questionasse e procurasse saber o bastante pra poder se entregar à causa de corpo e alma?


Dizem que “se” é o deus dos loucos. De tantos questionamentos, dizem que não se vai a lugar nenhum. Afinal, quem tanto questiona não consegue decidir aquilo que quer, certo? E se um dos grandes males fosse o contrário, nunca se questionar e perder a chance de ajudar e aprender com tudo que nos cerca? E se de todo o cenário descrito, fosse você precisando de ajuda?

Muitas pessoas (espetaculares, todas) me questionaram sobre a possibilidade de ajudarmos o menino na carta. Antes disso, o gênio indomável que sou (momento arrogância) planejava e executava um plano de arrecadação de fundos que prometo fazer de tudo pra lançar amanhã. Não espalhem a ideia ainda! Assim que a largada for dada, conto com a ajuda de todos pra mudar a realidade do George e de outras tantas crianças africanas. Até amanhã!


P.S. A AIESEC, reconhecida pela UNESCO como a maior organização de jovens universitários do mundo, está lançando uma campanha em parceria com o Instituto Elos chamada OASIS para realizar sonhos de comunidades necessitadas em dez cidades do Brasil. Clique, confira e contribua para o desenvolvimento de jovens brasileiros!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Childrock Initiative


Depois da comovente carta, nada mais certo do que apresentar o trabalho fenomenal feito pela organização que comanda a escola e diversos outros programas. Na coordenação e diretoria, John e Erick vêm fazendo o possível e o impossível pra inserir dentro de um orçamento as necessidades básicas de crianças que, sem eles, se tornariam criminosas ou apenas desamparadas.

Localizada no meio da favela de Mukuro, na região South B de Nairóbi, o colégio precisou mudar de endereço no ano passado devido a um incêndio que destruiu todas as instalações. Desânimo? Pelo contrário. Depois de pegar todos os entulhos e destroços e acumular um orçamento suficiente pra pagar o aluguel do espaço (dezessete mil shillings - cerca de duzentos e vinte dólares), o ensino foi normalizado e vai bem, dentro de todas as limitações.

Janeiro 2012
De maternal até o que seria a oitava série (nono ano agora), a instituição cozinha para as crianças (que não comem quando não há aula, caso do feriado que teve em função das eleições), ensina matérias básicas que garantiriam um lugar no ensino médio (ciências, suaíle, inglês, matemática, ensino religioso e estudos sociais, equivalente a história e geografia), desenvolve seminários e workshops à comunidade (como a palestra de direitos humanos que farei), dentre outras atividades.

Não dá pra fundamentar num único ponto de vista. A instituição tira crianças das facções e gangues que dominam a favela (cumprimento e sou cumprimentado todos os dias vários sujeitos armados ao entrar na comunidade) e se esforça pra não deixar ninguém de fora. Ontem mesmo visitei várias casas de famílias, a maioria com HIV positivo, que dependem da Childrock pra alimentarem esperanças.

Além disso, por não oferecer o ensino médio, existe sempre a tentativa (dependendo do orçamento apertado) de conferir bolsas de estudos aos melhores alunos, que completam o ensino básico sem condições financeiras de continuarem estudando. É o caso do George, que venceu um milhão de obstáculos pra concluir a primeira parte do ensino e vem pedindo ajuda há um tempo, segundo Erick.

Muitas das crianças não conseguem comparecer às aulas regularmente porque precisam ajudar os pais ou até trabalhar por conta própria para sobreviver. Numa conversa rápida com o gestor da favela, Joseph, ele me disse sobre a necessidade da ajuda que vem de fora e o conhecimento dentre os criminosos de que não se pode perturbar quem está ali pra ajudar no desenvolvimento da comunidade.

Hoje, por exemplo, faltou giz. Sem dinheiro pra comprar uma caixinha do material que custa sessenta shillings (um real e poucos centavos), contribuí junto com o finlandês para a aquisição do objeto de raro valor. Todo pedacinho de giz é tratado como um tesouro particular. Toda página de livro didático, uma expectativa de aprendizado e futuro promissor.

Como já venho anunciando para algumas pessoas, dentro de alguns dias pretendo lançar a campanha de arrecadação de fundos para a instituição. Todo o processo será conduzido por mim, com transparência total quanto aos depósitos, bem como cada contribuição terá seu destino escolhido pelo doador, dentre as opções do colégio. Aguardem valores e novidades nos próximos dias. À disposição pra quaisquer dúvidas e sugestões!