Nesses últimos dias andei falando muito das
complicações aqui na Tanzânia, dos pontos negativos, do que é mais flagrante
aos olhos em primeiro momento e de pequenas dificuldades cotidianas que
incomodam incomodam incomodam muito mais (musiquinha).
No entanto, foi no domingo ensolarado de ontem, depois
de fazer uma senhora faxina no meu quarto e de me sentir completamente à
vontade com a minha casa, o ambiente que estou vivendo, as pessoas daqui e o
trabalho (principalmente), que passei a encontrar essa tal alegriazinha que
vinha buscando nessa jornada inexplicável.
Não sei exatamente dizer como ou por que esse clique
ocorreu, mas de uma hora pra outra assim, não importava tanto o conta-gotas do
chuveiro, a comida (“falta de” ou repetição do cardápio), a dificuldade de
locomoção, o Mzungu nosso de cada
dia... A missão estava sendo cumprida.
E acima de qualquer “cumprida” estava o “aprendida”.
A falta que a família faz (“ei, eu tenho uma família espetacular!”), os amigos
(que são outra forma de família) ou até as coisas de menor importância (tipo o
vaso) tinham finalmente achado seu espaço (permanente) no meu coração, me
conferindo a possibilidade de aproveitar cada segundo mesmo num ambiente tão
diferente como esse.
A casa é suja, mas eu tenho um teto. A comida é ruim,
mas eu me alimento. A água é quente, mas tem água. Estou sozinho, mas tenho
todo mundo. Algumas sabedorias são desprezadas por terem se tornado clichês e
por isso mesmo, deixam de ser observadas, o que é um crime. Não tanto mais
assim. Não fica triste não, você tem milhões de motivos pra sorrir! E eu
também.
Fica complicado enumerar os aprendizados porque cada
dia acontece algum aprendizado novo. Um novo herói cotidiano, uma conversa com
um muçulmano no Dela-Dela, uma experiência muito pequena que acaba
acrescentando absurdos e gerando filosofias e reflexões novas, inesquecíveis.
Pra finalizar essa parte em estilo fenomenal,
trabalho:
Algumas pessoas vêm me perguntando sobre a
importância de um trabalho de Direitos Humanos, sem conseguir entender o
propósito das aulas e o valor do conteúdo pras crianças e jovens. Por isso,
retiro do meu material de estudo e preparação de aulas os seguintes dizeres de
Sérgio Vieira de Mello, 2003 UN High Commissioner for Human Rights (mania de
Direito de citar os outros):
“These are not just lessons
for the classroom but lessons for life – of immediate relevance to our daily
life and experience. In this sense, human rights education means not only
teaching and learning about human rights, but also for human rights: its
fundamental role is to empower individuals to defend their own rights and those
of others. This empowerment constitutes an important investment for the future,
aimed at achieving a just society in which all human rights of all persons are
valued and respected.”
Não se trata de passar um conteúdo de Direitos
Humanos como matéria tipo matemática ou geografia. As aulas de Direitos Humanos
pra pessoas em condições degradantes ou de completo abandono são capazes de
gerar nesses indivíduos uma consciência tal que motive uma transformação não só
de vida para aquele sujeito, mas uma transformação social a longo prazo. Pode
parecer idealismo, mas se alguém pretende acrescentar alguma coisa no mundo,
tem que começar por algum canto.
Parabéns Bruno pela sua iniciativa ,de acreditar no oferecer,e ir à luta ,praticar com coragem e fé.Que DEUS o abençõe ,e tenha a certeza,de que vc está tornando a vida dessa pessoas mais iluminada com a sua luz !
ResponderExcluirMuito obrigado! Palavras como essas ajudam muito nas situações cotidianas aqui! Continue acompanhando! Abraços!
ResponderExcluirQue post lindo! O mais lindo de todos até agora, sem dúvida. Fico feliz por você estar se sentindo melhor, por ter se encontrado aí.
ResponderExcluirE o trabalho que você está fazendo é incrível. Você está dando ferramentas pra que as pessoas daí busquem uma vida melhor pra elas. Parabéns!