sexta-feira, 7 de junho de 2013

Conquistas

A publicação mais esperada do blog. O orgulho. A alegria. A realização. Chegou a hora de divulgar todos os inacreditáveis resultados e inesquecíveis conquistas que juntos fizemos aqui no Quênia. Numa boa, fizemos história. O legado que vai ficar aqui é imenso. Ouvi de todos da organização que nunca fizeram tanto pela Childrock como nós fizemos. Tá todo mundo de parabéns!

Essa publicação será imensa, mas óbvio que ninguém se importa. Porque vai ter uma foto pra ilustrar cada pedacinho de céu que atingimos. Será enumerada numa “ordem” de importância, explicando tudo que envolveu a chegada à meta. O tiro foi certeiro e não tivemos espaços pra erros. Sorriso garantido ou seu dinheiro de volta. E eu duvido de quem disser que não abriu um sorriso de orelha a orelha.

1. Propriedade do Terreno: a mais cara e a mais importante. Não foi “dar o peixe”, como fornecer comida, material escolar, que apesar de fundamentais perecem depois de (muito) tempo. Comprar a propriedade trouxe um alívio de 18.000 shillings, U$225 todo santo mês aos bolsos da instituição. Considerando que a receita da Childrock é de 23.000 shillings, o aluguel comprometia quase sempre a continuidade do trabalho. Não mais!

Depois de várias negociações pra se chegar a um valor razoável, o contrato foi assinado e o certificado passado a limpo pelo secretário da favela de Mukuro. A comemoração foi imensa. Saber que a Childrock dispõe de 23.000 shillings mensais sem maiores preocupações é a garantia de que a árdua tarefa de educar jovens menos privilegiados da favela queniana vai continuar na ativa por anos e anos. A aquisição custou 380.000 shillings, o equivalente a U$4.750.



2. Banheiro: “professor, posso ir ao banheiro?”. Pode. A inexistência de banheiros na favela fazia com que as crianças aliviassem suas necessidades no meio das ruas, na porta de casas ou até em sacos plásticos que eram jogados pela janela depois, criando o termo “flying toilets”. Embora não influencie diretamente na educação, um espaço para poder “descarregar” à vontade é indispensável. Só temos dificuldade de entender a necessidade porque nunca deixamos de ter um toalete à disposição.

O orçamento demorou a sair, mas depois foi só curtir (e suar muito) pra aproveitar a subida meteórica das instalações. A inauguração vai ser na segunda-feira, no mesmo dia que me vou, mas o banheiro está prontinho. Faltam alguns detalhes que serão resolvidos hoje e amanhã. Diferente de reformar ou de aquisições que “não são palpáveis”, ver um espaço vazio se transformar num toalete dá um orgulho fora de série. Apesar de ter começado com a previsão de gastar U$1.600 e poucos, fechou em 160.000 shillings, ou U$2.000, em função de uma série de novas necessidades não previstas.








3. Livros: os professores são bons, mas não fazem milagre. Todo ensino sério, seja pelo método que for, precisa do acompanhamento de livros. Os livros são a alma da educação há décadas e essenciais para o desenvolvimento de qualquer criança. Antes da nossa empreitada, praticamente nenhuma criança tinha livros e o colégio não possuía recursos suficientes pra bancar novos materiais.

Agora, todas as crianças estão devidamente equipadas com as ferramentas do ensino. E não só pra uma ou duas matérias não, pra todas. Ciências Sociais (História e Geografia), Inglês, Matemática, Ciências, Estudo Religioso e Suaíle. Ao mesmo tempo, os livros pertencem à Childrock e serão passados de geração em geração. Passou de ano, deixa os livros pros que vêm atrás e aproveite os livros novos. O custo total foi de 120.000 shillings incluindo material escolar, o que dá U$1.500.



4. Renovação do Colégio: etapa final da campanha, todas as paredes serão trocadas, com novas folhas de zinco e pintura. Infelizmente não é possível colocar tijolos ou até pedras por determinação da secretaria da favela, mas a melhora será imensa. Pra quem não sabe, a escola se localiza em Mukuro há um ano, após incêndio que destruiu todas as salas em outra área de Nairóbi. As paredes e o teto são sucata do incêndio com uma mão de tinta, mas cheios de furos e ferrugem.

Não há “chão”. O solo é natural, composto por pedras e barro. Portanto, o desnível causa acidentes tanto em crianças quanto em objetos do colégio, como por exemplo, carteiras. Cimentar todo o local garante um ambiente sem riscos e com mais cara de escola. Além disso, o teto está caindo aos pedaços, e por caindo entenda-se caindo mesmo. Será trocado. Tudo isso no custo de 230.000 shillings, coisa de U$2.875. Essa mudança será investimento de agora, mas só colheremos frutos em futuro próximo. Tanto os novos intercambistas, quanto os diretores e o pessoal da AIESEC irão nos atualizar dessa empreitada!


5. Armários e Carteiras: um dos grandes problemas da pré-escola e da diretoria é a ausência de armários para a organização de livros, documentos e demais. Depois de ter comprado todos os livros, onde eles seriam guardados? Por isso, providenciamos a compra de dois armários, cada um com uma finalidade diferente. Além, compramos dez carteiras novas pra meninada da pré-escola, pois as antigas eram altas e inalcançáveis pelos alunos. Custo total de 40.000 shillings, U$500.




6. Renovação da Cozinha: Estava prestes a desabar o local adequado para cozinhar. Não é exatamente um fogão, mas um local para inserir a lenha e botar uma panela imensa pra ferver. Enferrujado e muito velho, o equipamento teria que ser substituído para que as crianças continuassem tendo o que comer. Não ficou só por isso e adquirimos também pratos, talheres, copos e panelas novos. Custou a bagatela de 20.000 shillings, coisa de U$250.




7. Alimentação: Saco vazio não fica em pé. Assim que cheguei, a comida estava acabando e as crianças estavam há dias sem comer. Não adianta nada estruturar uma melhora a longo prazo se os alunos não vão conseguir usufruir de todas as novidades por causa de barriga vazia. É fundamental, mas não se perpetua no tempo. Indispensável, mas passageiro. Caso não tivéssemos feito todo o resto, esse investimento seria apenas um “peixinho”. O custo inicial foi de 35.000 shillings, U$438. Ah, esse valor representa alimento pra dois meses.



8. Professores: apesar de todas as melhoras, o salário dos professores está atrasado. Então com os nossos 95.000 shillings restantes (o resto vem da alemã), salários serão pagos e postos em dia. Não adianta nada ter isso tudo, alunos alimentados, felizes, ambiente excelente, enquanto professores abandonam a causa por falta de pagamento. U$1.187.



9. Outros Gastos: eventualmente, foi necessário pagar um carroceiro, um caminhão ou até outros meios de transporte pra trazer os materiais, sejam eles livros ou cimento. Outras vezes, um pequeno agrado aos professores de salário atrasado, como refrigerantes e um lanche. Hoje, por exemplo, fizemos uma pequena festa de aniversário pra uma aluna espetacular da turma seis, aquela do vídeo que quer ser “tutor”, lembra? Essas despesas juntas somaram 10.000 shillings, U$125.



Pois é. A sensação de orgulho é inigualável. Não minha, mas de todos nós. Não canso de repetir, fizemos história. Com todos esses investimentos, posso voltar pra casa satisfeito. Cheio de história pra contar, numa honra surreal de ter feito parte dessa campanha que construímos juntos, vocês daí do Brasil e eu do lado de cá do oceano.

Que todos nós sejamos feitos de exemplo pra várias iniciativas que estão por vir pela nossa terrinha e por outras partes do mundo! A alegria é imensa e contagiante! Parabéns pessoal, o choro de alegria está liberado, né? Essa vitória é nossa! Divulgue, espalhe, sorria e viva essa emoção. O sentimento é gostoso demais e está à disposição. Pra não perder o velho hábito, vamos que vamos!

4 comentários:

  1. Obvio que já estou chorando,vou ficar com saudades de ler esse blog e saber das conquistas e perrengues.Parabéns pelo lindo trabalho e volte bem!

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    1. Lilian, o seu apoio durante toda a campanha foi essencial. E não me refiro apenas à contribuição, mas todas as palavras de carinho que ajudam mais do que você imagina. Muito obrigado de coração, vou cobrar uma farofa friburguense pra comemorarmos nossas conquistas! Beijos!

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  2. M I T O!!!

    Lekão, todas as palavras que possa dizer não serão tão representativos quanto o abraço fraternal que lhe darei ao chegar!!!!

    VENHA MITO!!! Estamos lhe esperando...

    Beijunda

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    1. Quero ver esse abraço irmão! Valeu pelo apoio agora e sempre, estamos juntos! Abração topozão!

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