quarta-feira, 5 de junho de 2013

Nairobbery


Pra quem tava com saudade, “que dia”. Andamentos mil pela Childrock, investimentos ao horizonte e estádio pra ver eliminatórias da Copa. Pena que o Quênia perdeu de um a zero pra Nigéria. O gol saiu de um contra-ataque e foi uma pintura. Depois de ganhar na corrida do zagueiro, o atacante encobriu o goleiro e a bola foi entrando devagarzinho na rede pátria.

Antes de chegarmos ao jogo, vamos ao que interessa. Childrock de manhã cedo pra ninguém botar defeito, com telhado e acabamento do banheiro ficando prontos no final do dia. Amanhã é só furar o chão pra conectar com o encanamento e inserir a privada. Os anseios inauguratórios são imensos. Erick pediu pra esperar até segunda pra cerimônia oficial com todos os alunos. Nada mais justo, é tudo pra eles mesmo. Mas o dia não se resumiu a isso não.

Com uma verba boa ainda para investimento, averiguamos nos últimos dias a possibilidade de renovar todas as paredes e cimentar o chão, dando uma cara bacana de “escola” mesmo. Recebi o orçamento e está bem compatível com o nosso alvo. 215.000 shillings, coisa de aproximadamente U$2.687 dólares. Como disse antes, toda essa parte será investida por nós (vocês que fizeram todo esse sonho possível e quem vos escreve), embora a supervisão fique a critério da arquiteta italiana.


Confesso que ainda não botei na ponta do lápis, mas, além disso, sobrará cash para os professores e mais um bocado pro programa de alimentação. Não consigo esperar a hora de enumerar todas as conquistas, mesmo. A ficha ainda não caiu não. Trata-se de verdadeira revolução. Fizemos história por aqui, vocês tão sabendo? Vocês mesmo que acreditaram, sonharam e realizaram junto comigo!

Hora do jogo. Desafio africano, sendo a Nigéria uma das melhores seleções do continente. A conferida inicial do estádio foi impressionante, cabem sessenta mil camaradas lá dentro. Não à toa que senhor polêmico presidente Uhuru Kenyatta optou pelo Kaserani como palco de sua apresentação. Uma bela obra faraônica, de dar inveja aos milhões esbanjados na cidade da música e no novo Maraca.

Por falar em Maracanã, bateu uma saudade grande dos tempos áureos do gigante popular. Assisti o primeiro tempo em assentos no nível do campo, distante como o Engenhão pela pista de atletismo em volta do gramado. A visão era meio ruim e resolvi subir pro terceiro andar. Melhorou bastante, só que o assento era no concreto. Lembra do mítico campo carioca lotado de populares no concreto?

A qualidade do jogo foi tão boa quanto uma pelada no aterro. Aliás, a pelada do aterro seria melhor. Do lado queniano, Victor Wanyama, atacante titular do Celtic. De outro, Obi Mikel, um bom meio-campista do Chelsea. Melhor pro segundo. No ataque, era Victor contra cinco zagueiros nigerianos. Chuveirinho lançado pelo goleiro do Quênia, que obviamente não deu em nada. Apesar do nível, valeu demais a experiência e a torcida.

O chato é que a gente precisava da vitória pra se classificar. O país tinha dois empates e uma derrota até então, sendo o último do grupo repleto de gigantes como Namíbia e Malaui. O gogó foi gasto e sobrou até uns palavrões em português, nada feito. No final das contas, a torcida saiu sorrindo e dizendo que esperavam o resultado. Isso que é estar desacreditado. Bom, Copa do Mundo de 2018 será Kenya against the world, vocês vão ver.

O nome da publicação não tem nada a ver com qualquer tipo de assalto não. É uma expressão usada pelos locais quando alguma coisa ruim acontece por Nairóbi. Voltando pra casa morto de cansaço depois de assistir o game, presenciei uma batida feia entre duas Matatus. Eis que o trocador soltou um Nairobbery pra premiar o dia. Ri à beça. Vamos nós que amanhã promete. E já uma saudade de cá...

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