Todos os intercambistas foram para
a conferência da AIESEC no final de semana. Apesar da gratidão infinita à
AIESEC pela oportunidade de realizar sonhos antes inalcançáveis, a reunião na
verdade é um belíssimo pretexto para escutar discursos moralizados vazios e
encher a cara. Não sendo fã de um nem dois, optei pela residência. Excelente
escolha.
Até ia para Fourteen Falls, as
quedas d’água, mas ouvi de três pessoas diferentes que nessa época do ano
realmente não vale a pena. Quando vi as fotos, desanimei. E aí acabei ficando
pela casa e curtindo um pouquinho a mim mesmo. Estava até com saudade desse
cara bonito, bacana, gente boa que sou eu. Não faz essa cara não, preciso
vender meu peixe, ué.
Reencontrei a paz. Deu tempo de curtir
um silêncio, refletir sem ouvir gritaria de europeu, curtir uma bela música
brazuca sem interferências externas e planejar os próximos dias, que serão a
mil por hora. Ainda recebei um telefonema do Erick pedindo mais grana pro
banheiro, mas até esse acréscimo estava dentro do orçamento. Don’t worry, be happy.
O único perrengue do dia foi ter perdido
o cartão dentro do caixa eletrônico, depois de ter ido tirar dinheiro com a
peça. Não é o mesmo da Childrock não, é outro. A máquina engoliu o cartão e até
processou o pedido, mas cancelou a transação e resolveu ficar com meu precioso objeto
de recordação. É o kinder-ovo queniano, cada dia uma surpresa mais gostosa que
a outra.
Inaugurando nova série de reta
final: assuntos africanos bons, mas que não mereciam uma publicação. O primeiro
da série eu juro que é verídico. Fiquei discutindo com dois professores sobre
Harry Potter. Não porque eles eram fãs da série, mas porque me prometeram de
pés juntos que Hogwarts realmente existe, na Inglaterra. Meu papel foi ficar
convencendo que não, que os livros são uma ficção. Que os ingleses não têm
varinhas e recebem cartinhas depois de certa idade. Não sei se consegui.
Quando falei de religião, ainda me
faltava conhecimento pra afirmar que a divisão céu versus capeta é o que dá o
tom da reza no continente. Tudo que é bom e bonito é de Deus. Tudo que é feio e
“diferente” do diabo. Então existe a igreja e a bruxaria. Sério, que nem idade
média. E sim, “bruxaria” é crime. Se fosse por aqui, o menino que sobreviveu
estaria curtindo um xilindró amarradão.
Essa evangelização da África foi
implantada que nem um vírus. As células culturais passam a ver as próprias
células culturais como inimigas. E todas as crenças e crendices vão sendo
devoradas pelos ex praticantes das culturas que ahora abominam. Inteligente estratégia do desgraçado sem caráter
que vem trazer a palavra de outro cidadão sem ser chamado.
No clima de sábado, aliviemos. Pole Pole Ndio Mwendo sempre. Que
significa “devagar e certo”. No ritmo, tá na hora de editar uns vídeos e
trabalhar na campanha. Estamos em deliciosos R$25.171,03. Mais de vinte e cinco
mil reais. Engraçado pensar no imenso medo, ao lançar a campanha, de ser um
fracasso. Podemos fazer mais até terça, mas dá pra comemorar até não aguentar
mais. E pernambuquês pra alimentar a alma.
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