Tem dia que é brabo. Cacetada. Pela
colonização europeia, sobrou um restinho de raiva da rapaziada local por todo “pele
branca”, um dos motivos do grande racismo ao Mzungu por acá. É uma espécie de ódio em função do regime de
exploração que deu as cartas no continente. Claro que toda pessoa com menos
melanina é automaticamente responsável pelas ações do passado. Coerente, certo?
Não.
Nesses dias, é preciso bastante
força de vontade pra sair de casa andando por duas horas até chegar ao colégio,
ouvindo durante todo o caminho a maior variedade de piadinhas e risadas
existentes. Sim, eu sei que a cabeleira não ajuda, mas não justifica. Hoje até
o habitual “Jesus” ficou barato. Saindo da favela, jogaram restos de tomate em
mim e no finlandês. Pois é.
Logicamente não pode reagir. Se eu
me virar xingando em inglês ou der qualquer indício de ter saído do sério, a
comunidade no mínimo me janta na paulada. O truque é não se importar mesmo. Se
eles forem capazes de tirar o sorriso da sua cara, ganharam. E até chegaram a
me ganhar por um tempo. Nada que uma reação não supere. Vou botar teu nome na
macumba, diz aí Dudu Nobre.
Sempre fico tentando buscar explicações
maiores pros fatos que acontecem. Associar com uma lição importante ou aprendizado
costuma dar sentido aos fatos. Cheguei à seguinte conclusão: todas as pessoas
que fizeram o bem em algum momento tiveram opositores. Pessoas que estão ali
pra desmotivar, tentar derrubar ou diminuir a ideologia e a alegria.
Não é pra comparar com os grandes gênios
da história, Gandhi, Martin Luther King ou Beethoven, mas todos esses caras
tiveram antagonistas presentes e atuantes, que tentaram puxar os amigos pra
baixo. Às vezes até a cova. Remédio: fazer ainda mais o bem. Sempre que estou pê
da vida, tento ajudar alguém pra lembrar do gostinho de se estender a mão. Fazer
trabalho voluntário só quando se tem vontade e com sorriso no rosto é mole.
Quero ver depois de ter passado por um perrengue.
Chega de negatividade! O banheiro
atrasou (claro) mas foi quitado. Deve ficar pronto na sexta-feira ou até mesmo
sábado. Não vou descansar nem um segundo, porque até na segunda que vem, dia de
voltar pra casa, vou dar o ar da graça na Childrock pela última vez pra
inaugurar as instalações junto com as crianças. Ainda aguardo o orçamento das
paredes e chão e depois de passar a verba adiante com essa finalidade, Cristina,
arquiteta italiana que ficará pelo colégio por mais quatro meses, irá supervisionar
tudo e garantir o cumprimento da missão.
Pra quem viu a inauguração do Maracanã,
bacana. Jogo pra inglês ver. Jogo bom mesmo é eliminatória africana da Copa do
Mundo na nossa casa. Comprei ingressos pra assistir Quênia x Nigéria num
estádio com capacidade pra sessenta mil cabeças. Se eu vestir verde, cor do
adversário, não volto vivo. Até adquiri pros professores da Childrock, mas me
informaram que não poderão ir por causa de um seminário bom pra instituição.
Chegou ao fim a arrecadação! A
situação é a seguinte: pros atrasados de plantão, ainda dá pra contribuir. A
única diferença é que não vou estar aqui pra dispor dos recursos e aplicar de
forma consciente, então todo dinheiro que entrar a partir de hoje será imediatamente transferido pra conta da Childrock, no Quênia. Imensa ajuda, mas não posso
me comprometer com os gastos, como prometi.
Eu também precisava saber exatamente o quanto
teria no bolso pra trabalhar por esses últimos dias. E não dava pra ter ficado mais
feliz. No começo da campanha, preocupei-me à beça com a possibilidade de dar
errado e disse que ficaria muito feliz se alcançássemos dez mil reais. Com a benção
do fera braba das nuvens e atuação linda de todos, chegamos aos inacreditáveis,
inesquecíveis e inigualáveis R$30.725,87. Sem palavras pra agradecer o apoio de
todos nessa empreitada que se aproxima do fim. Vocês são os verdadeiros
responsáveis por todo o sucesso. Agora é colher os frutos e se deliciar com os
resultados!
Poxa, que incrível! É muito legal ter acompanhado o blog desde o começo e ver os resultados incríveis que você alcançou. Dá orgulho do trabalho que a gente faz na AIESEC e mais vontade ainda de ajudar a mudar realidades como essa.
ResponderExcluirVerdade Bárbara! Pra quem está junto desde o começo é ainda mais sensacional! Continue com o trabalho espetacular na AIESEC, possibilitando conquistas como essas a outras pessoas!! Beijos
Excluirparabéns, irmão!
ResponderExcluiragora volta logo!
Calma que ainda falta irmão! Saudades, beijo!
ExcluirQue coisa maravilhosa !!!!
ResponderExcluirParabens !!!
Lilian, você é parte de todas as realizações por esse lado de cá do oceano! Parabéns pra nós dois e pro filhão também! Beijos
Excluir