quarta-feira, 10 de abril de 2013

Polititicagem


O mal dos que não gostam de política é ser governados por aqueles que gostam. Ontem tomou posse no Quênia o presidente Uhuru Kenyatta, após eleição pra lá de polêmica. Hipoteticamente por uma superioridade de um milhão de votos, a população local aceitou a eleição após o julgamento do Supremo Tribunal ter declarado válido o processo que levou o amigo ao cargo.

Controvérsia nas eleições, normal. Uhuru (liberdade, em suaíle) Kenyatta é filho do primeiro chefe de Estado e presidente do Quênia, Jomo Kenyatta. O papai do atual manda-chuva é considerado por muitos o fundador da nação e governou de 1964 até 1978 por período maior do que o permitido pela Constituição. Bom começo. Además, filho de jacaré, jacarezinho é. Vide menino Bush, surpreendendo o mundo com ignorância em níveis incontáveis.

Os noticiários internacionais mostraram há pouco tempo cenas de violência e indignação dos quenianos quanto à eleição de menino Uhuru. A situação não se justifica apenas pela suposta fraude na contagem dos votos, incluindo cidadãos que faleceram e demais gasparzinhos, mas pelas acusações sofridas pelo senhor mandatário.

Nada menos que o Tribunal Penal Internacional possui sobre Vossa Excelência acusações de crimes contra a humanidade, pelo evento protagonizado em 2007/08 que culminou com a morte de mil e trezentos quenianos. Ninguém lembra porque o valor midiático de genocídios africanos é bem menor do que a morte de qualquer mulher fruta ou ex-BBB.

Corredor do Childrock Institute
Pra melhorar, o processo no TPI vem sendo prejudicado pelo sumiço misterioso de testemunhas e vítimas da violência eleitoral. Apesar disso, o Quênia foi o primeiro país na história a eleger um cidadão sendo processado pelo Tribunal Penal Internacional. Assistindo aos melhores momentos do discurso, vi a promessa feita pelo digníssimo de um laptop pra cada jovem estudante. Tá de sacanagem.

A independência do país chegou em 1963, alegando um regime democrático pela Constituição feita no mesmo ano. Os populares se orgulham da nação ter resolvido um problema político através de seus mecanismos internos pela “primeira vez”, sem interferência britânica ou de qualquer outro órgão internacional. No final das contas, será essa a noção de desenvolvimento?

O dia foi declarado feriado em função do discurso presidencial. Soube hoje, no meu segundo dia de aula, que a maioria das crianças ficou sem comer porque dependem dos alimentos providos pelo colégio. Com isso, disseram que não gostaram do feriado porque foi preciso mendigar por água e comida de casa em casa. Se deixar o emocional entrar em campo, já era. Comentários?

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