quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Dura Realidád


Saindo do aeroporto fomos direto ao supermercado, comprar algumas coisas básicas como sabão em pó (não tem máquina de lavar), sabonete, shampoo e papel higiênico (isso ainda vai render uma publicação inteira, porque ir ao banheiro é uma missão).

Como meu primeiro destino foi a casa errada, conheci mais um brasileiro e outro moçambicano, os dois falantes de português, o que dá certa tranquilidade no perrengue incomensurável. A casa tinha redes por todo canto, em todas as janelas e ali já não se comia com talheres. Até tinham alguns “hashis” (“chopsticks” ou só palitinhos), herança da recente passagem chinesa por ali, mas ninguém usava.

Demorei muito tempo até chegar ao meu destino final, já que fiquei emprestado nessa casa até segunda-feira e lá tive que comer Pilao (prato típico feito de arroz e um molho esquisito) numa bacia com mais 8 pessoas (e com a mão, claro), numa situação de dar inveja aos recrutas do BOPE no filme Tropa de Elite (“os senhores tem 10 segundos pra comer essa merda do chão”). Também limpamos a garagem da casa pra fazer uma biblioteca pras crianças da comunidade local.

Ter chegado na Tanzânia no sábado causou certo desespero porque não se vê sentido em passar por isso tudo se não for pelo trabalho voluntário a ser realizado. Como essa motivação demorou três dias pra dar as caras, já que só comecei a trabalhar na terça-feira, fui acometido de algumas fortíssimas vontades de jogar tudo pro alto e uma série de pensamentos do tipo “cacete, aonde eu vim parar”, porque naquela casa no meio do nada já faltava luz e água .

Apesar disso, saí no mesmo sábado pra uma praia chamada Cocobeach, supostamente um dos pontos tops da cidade, que nada mais é do que uma casa de palha na areia com um telão passando clipes de hip-hops e mesas de plástico mal distribuídas. A cerveja Kilimanjaro é boa, mas a Serengeti é melhor. Voltei de Bajaj, numa aventura incrível pelas vias mãos inglesas (o veículo é esse aqui, uma moto com cabine, increíble). Então, motorista na direita e um medo nada bacana.


Aproveitando a deixa, vou falar de transporte logo:

Existe táxi por aqui, mas ninguém usa porque todo mundo cabe numa Bajaj. Mesmo sendo feia e instável, a Bajaj é um dos veículos mais usados na cidade e é tipo um moto táxi, custando até uns 20.000 shillings (coisa de 12 dólares). Antes da Bajaj, a opção número 1 de transporte da cidade é o Dela-Dela, uma espécie de ônibus-van sujo que vai pra vários lugares por 300 ou 400 shillings (U$0,20, isso mesmo).

"Se essa porra não virar, ole ole olá"'

Pra chegar até os colégios em que dou aula, preciso pegar dois Dela-Delas e o Ferry, porque moro na espécie de Niterói da Tanzânia (nada é tão ruim que não possa piorar). Pra ir gasto 900 shillings, cerca de U$0,60 e o mesmo pra voltar. O chato é que além de ser sempre lotado e baixinho (quando se vai em pé, tem que ir com a coluna no teto), demora duas horas e meia pra ir e mais duas e meia pra voltar.





2 comentários:

  1. Lekão, agora estou feliz da vida em pegar dois ônibus para voltar de Curicica com todos os parceiros do Lula ou a felicidade de pegar o Castelo x Taquara vir a Curicica. Não tem a mesma aventura e graça daí!Parece o Forrest Gump!
    Haja aventura, mas com um retorno incalculável!!!
    Abração

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  2. Niterói da Tanzânia... uau!
    Nunca mais reclamo de pegar o MetrôRio.

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