segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Uma luz no fim do tún... Ih, acabou.


O dia começou com Chapati e suco de abacate. Lembra daquele café da manhã que eu falei? Taí a foto. Café da manhã caprichado porque depois dele, sabe-se lá quando será a próxima refeição. Por acaso, hoje foi só o jantar no final do dia. Macarronada com um molho devorada no Japa Style do hashi conquistado.

Por falar em hashi nervoso, eu que fiquei meio cabreiro com a declaração de uma chinesinha aqui pra mim. Sem piadinhas de que o olho pequeno faz enxergar mal e tudo mais. Eu agradeci o interesse e gentilmente neguei, posto que não pretendia ter qualquer contato além da amizade com quem tivesse mais pelo no sovaco que eu.

Hoje ainda rolou a aula inaugural de Direitos Humanos no Tabata Muslim e foi sensacional. Eu já tinha dado aula lá, mas só acompanhando minha parceira alemã de projeto, sobre liderança. Apesar do inglês dos alunos não ser impecável, o interesse compensa e conseguimos uma sintonia fina. Foi uma pena a aula ter sido interrompida pelo chamado à mesquita. Hora de rezar, respeitada.

Ainda fiz um Rafiki (amigo) na barca até Kivukouni, pra pegar o segundo Dela-Dela pro trabalho (“Niterói” se chama Kigambouni e é o lado da cidade que moro). Pra fechar o transporte, pra que sutiã? A tia da van achou bem mais confortável apoiar o par de seios cansados no meu ombro. Tudo certo, tava lotadasso o veículo.

Outro ponto impressionante dessa terra fenomenal e que to pra falar há um tempão é sobre a falta de confiança do governo e dos serviços em geral na adimplência popular. Não existe assinatura de jornal aqui, todos são vendidos na rua e nunca vi ninguém comprar. Não tem nada demais? Não, não tem. Mas a luz é pré-paga.

Tanto o meu celular de cartão (pra quem quiser me ligar, 065 278 3950), quanto a conta de luz são pagos com antecedência. Então você compra créditos pra ter em casa, e se acabar, bom... acabou. Dependendo da hora que acabe o seu “saldo de luz”, não há nada a ser feito. Se acabar durante a manhã, é só comprar mais nos postos de venda. Se for de madrugada, enjoy the heat.

Na parte da luz, a declaração é essa:


Não tem muito isso de fornecimento de serviço aqui. É curioso atestar que no mundo que conhecemos dos serviços, aqui não exista confiança no povo pra manter um sistema de crédito ativo. Isso da luz ser pré-paga é de deixar qualquer um perplexo. Na verdade, me explicaram que a população vinha roubando muita luz, então uma solução prática foi deixar a luz pré-paga, porque aí se roubassem, quem pagou que resolvesse a situação.

Nada mais é do que uma delegação do poder do Estado à população pra resolver seus próprios problemas. Ao invés de conscientizar a população e convencê-la a arcar com os custos de luz, punindo os ladrões de luz, o governo preferiu botar a luz pré-paga e deixar o pau comer solto. Um passo pra trás no progresso tanzaniano.

Como se não fosse suficiente, descobri também que a luz acaba porque não há em quantidade suficiente pra parte residencial e industrial, então eles cortam pra garantir que as fábricas não precisem parar de funcionar. Dos noves dias em que estive aqui, posso garantir que a luz acabou em uns sete. Então quando tem luz, é correr pra carregar qualquer aparelho dependente de eletricidade, porque nunca se sabe quando vai acabar.


2 comentários:

  1. quando tu vai entrar no skype, irmao?

    abracos

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  2. Aqui no Brasil se não me engano implantaram sistema de luz pré-paga na Amazônia, em locais onde não tinham luz. Achei a reportagem, segue abaixo (sem esquecer que mesmo assim, o gran canyon entre Amazônia e Tanzânia chega a ser desleal):
    http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/08/sistema-de-conta-de-luz-pre-paga-comeca-ser-testado-no-brasil.html

    Você está com internet no celular?:P

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