Fui roubado. Não à mão armada, mas na mão grande. Meu
dia começou despertando às quatro da manhã pra pegar o ônibus das seis. Num
rodízio incompreensível de motoristas, cheguei à fronteira da Tanzânia com o
Quênia. Lembrava um prostíbulo barato em horário de pico de tão confuso. E aí
aconteceu o inesperado.
Após dar baixa no departamento tanzaniano, fui
abordado por um camarada extremamente amigável, dando dicas sobre o local, faça
isso, faça aquilo. Sem perceber, fui sendo conduzido pra um canto que foi
indicado pelo “amigo” como o lugar certo pra pegar o visto queniano. Quando me
deparei com alguns caras bem vestidos e do lado de um policial, relaxei.
Paguei sessenta dólares esperando receber dez de
volta, já que o visto é cinquenta. No entanto, recebi o troco equivalente a um
dólar em shillings quenianos e nenhum carimbo no passaporte. Estranhando,
perguntei e fui “expulso” pelos simpáticos rapazes. Algum tempo depois, me
aproximei de um portão e fui parado pelo oficial da imigração, que me
direcionou o verdadeiro escritório.
Quando descobri que havia perdido um dinheiro
considerável, fiquei transtornado. Acho que uma das qualidades que herdei de mamãe
(te amo) foi a capacidade de ser completamente aéreo. No segundo que relaxei e
confiei em um desconhecido, fui conduzido a essa situação. Demorou um tempo pra
passar a raiva e exigiu bastante respiração.
Eu sempre soube que o mundo é um local malicioso e
algumas pessoas vão tirar até o seu sangue se der. No entanto, prefiro pensar
não no mundo cor-de-rosa, mas num meio-termo saudável e confiar nos outros até
que eles me deem motivos pra desconfiar (e não o contrário que a maioria faz).
Não acho que dá pra seguir esse método aqui, infelizmente. Pelo menos a lição
foi mais barata que a mensalidade da PUC.
Ao chegar em Nairobi, não havia ninguém me esperando.
Eu não tinha o endereço que deveria ir, nem forma de me comunicar com ninguém.
A solução? Fui pra uma lan house (juro que não joguei Counter-Strike) e gastei
o troco dos ladrões em e-mails pra galera da AIESEC. Depois de quatro horas de
espera, fui instruído a ir até a University of Nairobi pra encontrar com todo o
pessoal.
O dia não tinha como piorar. E não piorou mesmo.
Cheguei na casa que vou ficar por mais dois meses e perto da morada tanzaniana,
isso aqui é um palácio. Wi-fi, comida pronto no jantar e no café da manhã,
banheiro com água quente e até água potável saindo da pia. Depois de um dia caótico,
estou sorrindo pra todos os lados com esse desfecho. Deus dá e Deus tira,
malandragem.
Ainda to devendo os detalhes do Safári, não esqueci
não. Vou providenciar isso pra ontem, porém tenho milhões de coisas pra falar
sobre Nairobi. Que cidade! Sensacional, mesmo. To maravilhado com o local,
principalmente vindo de Dar es Salaam. Depois dou mais detalhes que hoje é
sexta-feira e ninguém é de ferro! Buenas noches!
Fala meu irmão
ResponderExcluirpassando aqui pra me atualizar, finais de semana geralmente fico sem ler, mas hoje estou mais tranquilo.
Porra que bad essa aí hein, mas infelizmente, nós que temos bondade no coração as vezes nos deixamos levar por aqueles que tem o lado maldoso bem maior. E confesso que pro cara mexer com um "Mzungo" com esse barba aí e com cara de muçulmano, é porque realmente não tem medo de nada mesmo. hahahahah
Fica com Deus, e que você ainda passe por algumas situações infelizes na sua jornada, elas são sempre bem vindas quando dela são retiradas lições.
Beijo Grande
Meu irmão!
ExcluirConfesso que venho ficando impressionado com as paradas que vossa excelência vem escrevendo por aqui! Estamos juntos sempre, valeu pela força!
Beijo, dá um beijo na família aí e fala pro teu pai que meu foco é a barba dele! hahaha
haha, é nós!
ResponderExcluirperaí né, voce ja ultrapassou a barba do meu pai há algumas semanas, só falta pintar de branco!
hahhha
beeijos