Inventei uma doença física pra faltar o trabalho
hoje. Claro que sempre que esse procedimento é adotado, a doença acaba
aparecendo depois como consequência. Passei o dia inteiro com dor de cabeça e
um frio danado. A desculpa não foi por preguiça ou à toa. Apesar de não possuir
qualquer patologia externa, estou corroído por dentro.
Na verdade, precisava de tempo era pra respirar.
Assimilar um pouco a situação e aprender a conviver com a rotina numa boa.
Permanecer no local de trabalho nesse pequeníssimo período de tempo de dois
dias sugou todas as minhas energias. Mesmo tentando ser o mais frio possível,
oposto do que acredito que costumo ser, o envolvimento foi tamanho que me
congelou.
Um dos milhares desafios é o sorriso. Chegar no meio
da turma e brincar como se viver daquele jeito fosse normal. Ver vários olhares
curiosos dispostos a aprender qualquer coisa, absorvendo o conteúdo como se fosse
esponja. Na hora da refeição, guerra civil. O máximo de comida ao mesmo tempo,
sem saber quando será a próxima oportunidade de se alimentar.
Pra piorar, uma ligeira insatisfação. A organização
faz um trabalho sensacional, mas alguns pontos negativos deram as caras. Em
primeiro lugar, certa rejeição à ajuda externa. Não acho que por xenofobia, mas
certa intolerância e receptividade zero. Imagino também que tenham recebido
muitos voluntários sem qualquer conhecimento e vontade de ajudar, o que
ocasionou um “fechamento” misturado com desconfiança pra quem chega.
Prova disso é o fato consumado duas vezes. Chegando
no colégio, nos dias de exame, não havia aula pra dar. A ordem foi: “vai
brincar com as crianças”. Me amarro nas crianças, mas não sou recreador. Vim
pra cá com a missão de ensinar algumas matérias, fundamentais pro
desenvolvimento de cada uma. Se fosse pra recrear criança, tenho duas irmãs lindas
dentro de casa (saudadassa).
Com certeza esse tipo de pensamento tem muito a ver
com a ideologia dos estrangeiros que chegam pra “ajudar”. Assim como aconteceu
em Bagamoyo, em que o tanzaniano me viu tirando foto e disse que eu iria voltar
pra Europa e vender, muitas pessoas acabam vindo pra cá na intenção de “fazer
um trabalho voluntário” mais pros outros do que pelo ato em si. O foco acaba
sendo a fotografia e não o acréscimo a cada jovem.
Ao invés de pensar no problema, foco na solução.
Vou pedir pra alguém da AIESEC colocar pelo menos uma companhia no mesmo
projeto. Dividir o cotidiano e a atenção das crianças já daria uma aliviada boa.
Com todos os apelidos carinhosamente conferidos por vocês, um novo surgiu
entre todas as séries do colégio: Jesus. Segura essa pressão. Esquilo pra aliviar.
Bruno, estudo Direito na PUC-SP e tenho muito interesse no "trabalho de campo" em Direitos Humanos, além de ter interesse na carreira profissional e docente nessa área também. Procurei por muitos programas, mas não sabia que a AIESEC tinha um intercâmbio como esse. Ainda estou no 3º ano da faculdade, e acredito não ter recursos para bancar uma viagem como a sua, mas gostaria de saber alguns detalhes, você se importaria de me passar seu email? Abraço!
ResponderExcluirFala Felipe! Fico feliz com seu interesse pela área, sempre tem espaço pra gente boa! Faz o seguinte, vai pelo facebook que é mais fácil! A gente troca uma ideia por lá, pode ser? Em relação aos recursos, averigua com carinho que dá! Mas a gente conversa! Abraço
ExcluirBeleza, abraço!
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