Abrindo um pouquinho mais meu coração, queria
compartilhar um pouquinho desse sentimento. O que toda essa ação traz como consequência,
a alegria e a satisfação de estar fazendo o que faço e a conquista do
continente. Isso como uma forma bem diferente de fazer você perceber que a
possibilidade de ser feliz tá logo ali, na pontinha do dedo. É só fazer.
Simples assim.
Os últimos dias tem sido de trabalho intenso. Não
saio da frente do computador, não saio de casa. Só bolando estratégias e
contabilizando as arrecadações, pensando em meios de divulgação e realização do
marketing prometido, perturbando desde o papa argentino até o egípcio
revolucionário que conheci. Cansativo? Muito. Cansado? Jamais.
Quem falou que “se trabalho fosse bom não era
remunerado” não poderia estar mais equivocado. E é aí que mora o imenso desafio
de todos. Quando a gente trabalha com um ideal, um sentimento e consegue vibrar
a cada conquista, cada passo dado, o trabalho se torna um vício. Sempre
detestei o termo, mas dá pra falar que sou quase um workaholic. Também pudera, amo isso.
Chegar aqui não foi fácil. Tá pensando que foi “mãe,
vou pra África” e a resposta foi “se cuida”? A tropa familiar e vários amigos
se opuseram de cara à proposta. “É muito perigoso”, “vai pra lá pra quê”, “tá
maluco” e por aí vai. Ouvi muito também do “admirável a sua conduta, mas eu
jamais faria”. Banquei a viagem, comprei a briga e... Convenci todo mundo de
que foi o melhor passo que já dei na vida.
Sem orientação profissional e
fissurado pelo lance da ajuda, estava aqui o meu destino. Faltava um sonho, uma
meta. Alguma coisa digna de se “viver para”. A missão. Até já falei um pouquinho desse tema, mas o momento é especial pra reiterar. O outro lado da moeda
era focar num ganho financeiro (sem razão de ser nenhuma), concordando com tudo
que era dito sobre garantir a vida independentemente de ter que passar horas
trancado num escritório.
Por incrível que pareça, essa acaba
sendo a escolha de grande parte das pessoas. Com medo do risco, da incerteza,
do inseguro, optam pelo caminho da “garantia”. O trabalho passa a ser um fardo
insuportável, mas necessário pra bancar “as coisas boas da vida”. Esse pessoal
certamente nunca pensou sobre a importância do trabalho SER uma dessas coisas boas.
Abandonam sonhos, ideologias, em prol de uma ambição (econômica) de se tornarem
ricos, bem-sucedidos.
Essa galera não teve aula comigo no
colégio. Um dos aprendizados que faço questão de lecionar nas escolas é fácil: qual
o significado de sucesso? O que significa ser bem-sucedido? Claro que dentro do
ambiente da favela de Mukuro, “dar certo” significa atingir metas que, pra
quase todos nós, já conquistamos ao nascer. E fica a pergunta: qual a sua
missão?
Pra atualizar a arrecadação, vocês são
espetaculares! Em poucos dias de campanha, posso encher o peito pra dizer que o
banheiro será construído. Isso significa que as crianças não terão que se
aventurar pelas vielas no meio das aulas pra castigar a natureza na porta de
alguma casa. Lembra do “professor, posso ir ao banheiro?”. Agora pode.
R$3.960,00 (três mil, novecentos e sessenta reais) e U$650,00 (seiscentos e
cinquenta dólares). Cadê a galera da comida e do material escolar? Vambora!