A campanha vai excepcionalmente bem.
Toda a experiência africana tem sido de um conhecimento ímpar. Eu tenho milhões
de motivos pra estar sorrindo, mas ainda assim, algo incomoda. E mesmo no meio
de tanta paz e tanta alegria, uma pontadinha de insatisfação pode ser chata demais.
É como se eu estivesse comemorando um título de Copa do Mundo e uma abelha viesse
perturbar bem na hora do apito final.
A proprietária da casa em que moro
fez um acordo com o pessoal da AIESEC de cá pra que os intercambistas pudessem
pagar um preço bem mais em conta com direito a café da manhã, jantar e uma
senhorinha mandando ver nas roupas uma vez por semana. Até aí, maravilha.
Comida, cama e roupa lavada.
Infelizmente, a minha insatisfação
com os outros intercambistas não é de hoje. Primeiro pela ideologia mequetrefe
que se encontra em qualquer esquina. Não vieram pra cá ajudar, vieram cumprir
mil objetivos pessoais em primeiro plano pra depois lembrar que estão aqui por
isso. Não posso fazer nada quanto a isso a não ser conviver em paz.
Acontece que alguns destes
indivíduos alopram a harmonia da casa e como ninguém tem disposição de tomar a
frente e reclamar, seja o pessoal da AIESEC ou os administradores da
residência, o Bruno vira o cara chato e reclamão pra qualquer assunto. E se tiverem
que reclamar com alguém, o Bruno que pediu. Então o Bruno é gente boa, mas irritadinho
com qualquer assunto.
Claro, sem dúvidas eu sou fresco.
Alguns exemplos: o assento do vaso sanitário foi quebrado; o meu sabonete sendo
usado por outros; “feze”, no singular mesmo, aparecendo no rolo de papel
higiênico supostamente limpo; a galera sem qualquer noção de higiene chegando
suada e fedendo feito porco, se espalhando nos móveis; geleia à beça no pote de
manteiga, etc.
Ah, normal Bruno, acontece. Claro,
acontece. Vamos subir de nível? O camarada trazendo prostituta pra dentro de casa;
chegando bêbado feito gambá, perturbando os outros e quebrando as coisas; a cidadã
que no primeiro dia de Quênia caiu dentro do moreno e agora traz o amigo pra
jantar da minha comida dia sim, dia também, etc.
Ok, mas por que isso agora? Pelo
seguinte episódio: fui sair de casa pra sacar dinheiro pro projeto (amanhã
começa o banheiro, lembra?) e na porta, fui abordado pelo camarada que disse
trazer a meretriz pra dentro de casa de novo e não queria nem saber as regras.
Depois de ter dado uma bonita surra argumentativa no nórdico que não teve o
menor respeito ou educação, aceitei (transtornado) botar a menina pra dentro da
casa.
Voltando, entro em casa e sou
obrigado a ficar na sala, já que o amigo se encarregou de ir direto aos
aposentos para fornicar, sem nem dar boa tarde. Assim, ficou Bruno sentado no
sofá, raivoso, esperando o digníssimo finalizar seu acasalamento no mesmo quarto
que guardo todos os meus bens e pertences. Bacana, né?
Por todo o exposto, vou me mudar, é sério. Tem outra casa da AIESEC pra ir, fiquem sossegados. Já que eu sou
o reclamão e estou começando a ficar incomodado inclusive comigo mesmo, por
saber que estou chato (sem escolha), os incomodados que se mudem, certo? Se não
dá pra botar ordem no prostíbulo, a solução é partir pra outra residência. Cenas
dos próximos capítulos em breve que agora eu to até com dor de cabeça.
É meu amigo, machané em plena Nairobi... QUE DELÍCIA!!!
ResponderExcluirVocê está mais que certo.
Ser chato por querer viver no organizado, limpo e cheiroso... Que o mundo seja dos chatos!!!
Abração meu irmãozinho e todo sucesso do mundo na campanha...