Depois da atipicidade de ter se
amarrado em Westgate, domingo é dia de churrasco. Nada melhor do que juntar uma
rapaziada, botar um pagode na laje e alguma coisa pra grelhar com a vista da
cidade. Peraí, churrasco no Quênia? Qual o sentido disso? Do universo? Como
pode o peixe vivo viver fora da água fria? Calma, camarada. Churrasco à moda da
casa.
Na despedida de uma amiga brazuca
que fiz por terras africanas, ela teve a ideia de promover um “churrasco”
convocando todo mundo que conhecia. O resultado final foi: linguiça, linguiça
temperada, pouquinho de frango (com peito, coxa, asa e todo o resto), linguiça,
pão, beterraba, pepino e linguiça temperada. Não preciso nem dizer que passei absurdos
de mal.
Como todo churrasco, alguém sempre
será eleito pra ser o tio da grelha. O homem que comanda e alegra multidões
enquanto fica esquecido naquele cantinho importante com carvão e fogo. Tem que
ser um cara que saiba das coisas. Obrigado, obrigado. A honra de cuidar dos
alimentos e não falar com ninguém enquanto suava feito os pequenos pedaços de
frango queimando foi minha.
Tirando a náusea pós alimentação,
valeu a pena. Levei o reprodutor musical e além de ter rolado música brasileira
de boníssima qualidade, tudo foi feito numa laje. Pagode na laje no Quênia. Ah,
saudade. Com vários temperos indianos, batata de pacote e caipirinha feita com
Sprite, limão, açúcar e Kenya Cane™. Não, eu não bebo por acá e a culpa foi das
linguiças e temperos indianos mesmo.
O evento foi bom, mas boa mesmo foi
a conversa que tive com a cidadã que se vai na terça-feira. Depois de contar
sobre os Voluntários Involuntários e toda a rapaziada que vem pra cá farrear até
não poder mais, recebi uma resposta sincera que mudou um pouquinho minha forma
de pensar. Continuo radical quanto a isso, mas acho que menos.
Todo mundo tem um timing diferente.
Uma evolução diferente, um aprendizado diferente. Tem gente que vem pra cá e
sofre uma mudança surreal, passando a ser mais extrovertida. Tem gente que vem
e aprende a ter disciplina e se engajar em causas sociais quando voltar. Cada
um, apesar de agir de formas que eu pessoalmente reprovo, precisa agir dessas
maneiras pra ter o seu próprio aprendizado.
Concordo, mas o que mantém o meu
radicalismo é a pena pelo fato de que estas pessoas não se jogam de cabeça. Os
aprendizados são incontáveis, infinitos. Todo dia existe algo novo pra se
aprender, se viver, se experimentar. Quanto mais ocorre um “fechamento” ao
próprio mundo, aos mesmos hábitos, mesmos gostos, menos se ganha em todos os aspectos.
Acaba que há a possibilidade de se evoluir uma vida inteira, de se desenvolver absurdos
e o desenvolvimento é pequenininho. Mas, tudo bién.
Enquanto isso, o mundo continua rodando, a vida
vai progredindo e o Rio de Janeiro continua lindo. A campanha continua voando,
as obras começando e as crianças da Childrock sorrindo. Como sou poeta de final
de semana, deixo nas mãos dos sensacionais versinhos do Natiruts. “Cantando eu
mando um alô, para você que acreditou. Que podia ser mais feliz vendo o outro
ser feliz”. R$11.973,60! Sigam-me os bons!
Sensa!!! Seguindo!!!
ResponderExcluirParabens,seu trabalho esta rendendo bons frutos que marcarão para sempre a vida dessas crianças e jovens.
ResponderExcluirnão consegui ver nenhum video das crianças,mas acredito no que vc relata e deve ser uma emoção só ver essa garotada feliz e recebendo material,comida e pensar que vão ter um banheiro,parece tão simples,né?
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