Sempre odiei shoppings. Até pra
comprar coisas pra mim. Quem quer passear no shopping então, nada pior. Que
programa de índio. Tanto lugar bacana pra andar, vai querer perambular justo
pelo meio de um monte de gente que teve a mesma brilhante ideia de “só dar uma
olhadinha”. Comer na praça de alimentação então, uma belíssima guerra pra achar
um lugar que não esteja imundo.
Até que saí pra dar uma volta com
Matt, meu camarada holandês. Andando pra resolver alguns negócios, passamos por
carros, bancos, prédios e casas. Então, ele sugeriu que continuássemos a
caminhada até o Westgate, o maior shopping da cidade. Em terreno carioca, eu
protestaria no mesmo segundo, perguntando qual a utilidade, a finalidade e que
horas voltaríamos pra casa.
Na hora de entrar no recinto, uma
alegria imensa tomou conta. Depois de conviver no caos da cidade de Nairóbi,
nas favelas de Mukuro ou em outras zonas da cidade em que sempre falta alguma
coisa, chegar num ambiente com ar-condicionado, depois de tanto tempo sem esse
belíssimo aparelho, foi puro prazer. Geladinho
que só vendo. Ô delícia.
E a voltinha de escada rolante? Que
tecnologia maravilhosa. O que será que o homem vai criar depois de tão
magnífico aparato? Até que ponto vamos chegar? Imagine você que ao pisar no
primeiro degrau, o mesmo degrau é capaz de transportar pro piso acima, sem ter
que dar nem um passo a mais. A lógica é subir normalmente e ser ajudado pela
eletricidade, mas fiquei bobo com a facilidade do equipamento.
Gente de todos os tipos, sem te
olharem estranho por ser branco, indiano, negro, chinês ou só muito lindo mesmo.
Sem condições de comprar nada, claro. Os precinhos astronômicos pela frequência
da nata de Nairóbi inviabilizam qualquer aquisição. Só uma rede bem famosa de
cafés cobrava a bagatela de cinco dólares por uma xícara. Starbucks? Não não,
Java Café.
Uma loja muito grande de
brinquedos, quiosque de sorvete, Nike e Adidas. Livraria, loja de roupa. Quem
foi o gênio que pensou em juntar todas as coisas num lugar só? Esse cara merece
um troféu. Assim como o Safári ajudou a sair da realidade miserável, fugindo
como turista por um tempo, entrar no shopping era um teletransporte pra uma
realidade não tão estranha ou triste.
Certa vez vi num filme de comédia (acho que era
Tenha Fé) que as pessoas mais velhas se apegam a hábitos como uma “segurança”
frente todas as mudanças do mundo. O passeio não foi diferente. Depois de
conviver num universo completamente estranho ao que se está acostumado,
Westgate trouxe um senso de “familiaridade” gostoso. Quanta gente, quanta alegria!
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