Esta publicação ficou pronta ontem, depois do almoço. Infelizmente, a eletricidade queniana não é exatamente confiável e só pude publicar agora, mais de um dia depois, quando a luz finalmente voltou. Portanto, todas as palavras de referência temporal devem ser lidas como se você estivesse lendo ontem. Desculpe qualquer incômodo!
Vou dividir a publicação de hoje
entre notícias boas e notícias ruins. E não tem essa de qual você quer primeiro
não que vem tudo junto. Devo ressaltar que as notícias más são quase
inofensivas enquanto as notícias boas são espetaculares. O saldo final da
balança chega a ser covardia com as malvadezas. Surra de positividade em todos
os rounds.
Notícia Boa: A campanha atingiu a
casa dos R$12.943,60. O treze tá martelando a trave. Isso significa
aproximadamente U$5.992,41 e praticamente 480.000 shillings. Continuamos todos firmes
e fortes pelo tempo restante. Se você ainda não está familiarizado com a
campanha e precisa de informações sobre o projeto, continue lendo ou clique aqui.
Notícia Ruim: “Tempo restante”
significa dezenove dias pra chegar ao Brasil. Apesar de estar apaixonado pela
causa e por todo o impacto, não posso administrar os recursos se não estiver no
Quênia para fazer pessoalmente. O que significa que a nossa belíssima corrida
(de arrecadação) está quase chegando ao fim. O prazo para contribuição ficou
até 01.06.2013 (primeiro de junho exclusive). Últimos quilômetros da corrida!
Notícia Boa: A construção do banheiro
está linda de viver. Tenho supervisionado a obra todos os dias, afinal, o olho
do “dono” que engorda o gado. Dá pra ver pela foto. Pra completar, hoje
ainda foi dia de renovar toda a cozinha da Childrock Initiative. Pratos,
talheres, panelas e mais importante, o suporte para cozinhar, que estava quase
vindo abaixo. Garantir a alimentação é bom, mas sem ter onde cozinhar não dá.
Notícia Ruim: Tenho sido obrigado a “rejeitar”
algumas ofertas de ajuda recentes por dois motivos: a instituição Childrock
Initiative não é “minha”; e o tempo de cá está se esgotando. A Childrock
Initiative existe há 13 anos, garantindo uma educação básica de qualidade pras
crianças da favela de Mukuro. Quanto à campanha, posso me orgulhar e chamar de
“minha”. Apesar de existir há tempos, as instalações do colégio são precárias
em níveis inimagináveis e as contribuições servem para prover as condições
básicas de estudo pra todos eles. Então, posso dizer que tenho amado as
sugestões e interesses de todos, mas como nosso apoio é um remédio pra curar de
vez e não só remediar, é algo mais pontual do que permanente. Daí o
investimento em ganhos que se perpetuam por um longo período. Pra saber mais
sobre a Childrock Initiative, clique aqui e aqui.
Notícia Boa: Assim como Guaraná, a
campanha também é energia que contagia (não ganhei nada por essa frase). Depois
de providenciar toda a arrecadação do zero, consegui contagiar uma alemã que
mora na mesma casa que eu. Ela não veio pra trabalhar em colégios, mas numa
organização que pretende conscientizar jovens sobre HIV e afins. Com isso,
Beckenbauer anunciou que conseguiu mil euros (isso aí que você leu) com os
amigos da Bavária, para incluir no meu orçamento e gastar. Deliçoca, delícia de
paçoca (não ganhei nada também).
Notícia Ruim: Quem acompanha o
humilde espaço cibernético deve lembrar que falei sobre certo racismo (clique aqui), predominante na mentalidade queniana e tanzaniana. Quando parei pra
amarrar o cadarço na volta do colégio, um pai parou a sua trajetória com o
filho e pediu para que o moleque “passasse a mão no Mzungu”. Assim, como um
animal. Não sou de deixar barato e assim que o menininho encostou em mim, rugi
feito leão. A criança chorou como nunca. Depois fiquei com pena, mas na hora
foi a única solução que consegui pensar. A cabeleira ajudou bastante.
Notícia Boa: Depois de renovar a cozinha,
garantir a alimentação por dois meses (pra começar) e construir o banheiro,
chegou a hora que todos desejavam. Amanhã vou rodar a cidade com cinco
professores atrás de todos os livros necessários, pra todas as matérias, todas
as séries, todos os alunos. Não haverá um pequeno cidadão sem o importantíssimo
objeto de estudo. Pra perpetuar, os livros serão armazenados no próprio colégio
e não irão adiante com o estudante pra série seguinte. Assim, os que passarem
de ano chegarão com a faca e o queijo na mão. Quero fazer uma foto épica. Viva
e verá.
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