Ninguém mais, ninguém menos que
Madame Presidenta deu o ar da graça pelo lindo continente que habitarei por
mais onze dias. A convite da União Africana, representando a América Latina
pela grandeza de nossa nação, Mrs. President decolou para Adis Abeba com
Roberto Azevedo, recém-eleito diretor geral da OMC, para comemoração de
cinquenta años da entidade.
Como boa politicagem não podia
faltar, a viagem à capital da Etiópia serviu pra agradecer por todos os votos
africanos que garantiram menino Roberto na direção da Organização Mundial do
Comércio. Para estreitar os laços com a África, ainda foi criada uma diretoria
no BNDES apenas com o propósito de celebrar parcerias econômicas. Tá, mas e daí
Bruno?
Daí que alguns pontos me chamaram
atenção. Como “representante” extraoficial brazuca na terrinha, sou quase que
obrigado a dar o pitaco. Que será dado. Além da assinatura de cooperação em
áreas de educação, ciência e tecnologia, tudo muito bonito no papel, a chefe
Dilma vez só perdoou cerca de novecentos milhões em dívidas.
Só a Tanzânia devia coisa pouca de
duzentos e trinta e sete milhões. Vale lembrar que o volume das negociações entre
Brasil e nações africanas subiu de cinco bilhões em 2000 pra vinte e seis
bilhões no ano passado. No discurso de Rousseff, “vantagens mútuas e valores
compartilhados”. Gosto dos dizeres, mas tenho medo de algumas consequências e
metodologias.
Primeiro, fui procurados por
algumas pessoas preocupadas com o impacto causado na Childrock. Uma preocupação
espetacular de que “o peixe não fosse dado, mas sim a vara de pescar”. Saco
vazio não fica em pé, então a comida foi a nossa contribuição do “peixe”. Todo
o resto mencionado ontem faz parte do pacote viabilizar a construção da “vara
de pescar”.
Então, qual a vantagem de perdoar a
dívida? Tornamos-nos “bonzinhos” aos olhos africanos, que legal. Serão concedidos
novos empréstimos que culminarão em nova inadimplência, enquanto as competências
administrativas dos líderes africanos continuam sendo tão nocivas quanto coca-cola
com mentos. Uma mistura explosiva.
Melhor ainda, a Human Rights Watch, organização defensora
dos Direitos Humanos ao redor do mundo, alertou para as péssimas condições de
vida em que vivem mineradores moçambicanos que trabalham para famosa empresa
brasileira. Em Angola, historia similar com construtora. Atitudes positivas e
construtivas aos países, sempre. Sem pé nem cabeça, não.
Venho pressionando o diretor e administrador da
Childrock para ter o orçamento da aquisição do terreno em mãos logo. Como essa
é a prioridade número um, acho preferível esperar o máximo para saber quanto
sobrará das contribuições após essa imensa (e imensamente necessária) despesa. Enquanto
isso, a música toca em R$24.371,03. Sensacional, hein? Vamos que vamos!
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