quinta-feira, 2 de maio de 2013

Conexões Africanas: Parte 1


Dentro dessa loucura toda que é a viagem, tive a oportunidade de entrar em contato com várias nacionalidades. Algumas por mais tempo, outras por menos. Indianos, alemães, holandeses, australianos, chineses, mais alemães, japoneses, tanzanianos, quenianos, chineses de novo, noruegueses e canadenses. Provavelmente ainda me esqueci de alguns.

Conheci várias culturas, troquei milhões de ideias sobre a vida e explorei vários cheiros, contatos e sabores. Pra quem era meio fresco com comida, hoje tomo sopa de pedra lambendo os beiços. Ao mesmo tempo, descobri que a sociedade brasileira é de uma riqueza absurda, em inúmeros sentidos. Sobre vários países, tirei diversas conclusões. Algumas boas, algumas ruins. Algumas chinesas.

Pra começar a falar dos outros, nada melhor do que falar de si. A diversidade cultural brasileña é absurda e conseguimos experimentar de quase tudo, o que nos dá uma bela vantagem em relação aos outros. A música (tente definir a MPB, é quase impossível) aliada com uma variedade incrível no cardápio, fora hábitos, costumes e maneiras de pensar são gigantescos.

Por outro lado, percebi que cada país tinha exata noção da sua identificação cultural. Não que nós não tenhamos, mas são tantas as possibilidades de se encaixar ou de optar por uma forma de expressão que não cabe numa só saudade. Sinto falta do peixe e da carne, do samba e da MPB, da cultura das mil opiniões sobre tudo, no esquema metamorfose ambulante (toca Raul). Isso pra começar com a definição do meu Brasil. Cada um que faça a sua própria.

Os alemães são quase um oposto a tudo. Conheci vários e acredito que essa parte da África seja um dos destinos preferidos dos amigos de Ângela, de repente em função da colonização que passou por acá. Muito reservados e sem dar muita trela pra nada, a conversa com um alemão é quase um monólogo. Você faz o que? Isso. E gosta do que? Disso. Vai ver não existe “e você” em alemão, o que é uma pena. Ou vai ver eu que era chato perguntando tudo.

O trabalho na Tanzânia exigia contato com a alemã vinte e quatro horas por dias, afinal era trabalho juntos e casa juntos. O curioso é que ela não gostava dos alemães. Falava que eram todos frios, sem graça e sem se comunicar ou se preocupar com o outro. Ao mesmo tempo, madame vivia fechada, de cara emburrada. Era piada o dia inteiro pra tirar ela do sério, e nem sempre com sucesso.

Calma que nem tudo são espinhos. A disciplina alemã e a metodologia são impecáveis. Todos os dias antes das aulas ela preparava cuidadosamente cada parte da aula. Se alguma coisa fugisse do curso normal, era um stress imenso. Ao contrário, seu compadre brazuca, vulgo eu, é um homem da arte do improviso. Então acabava fazendo um arroz com feijão bacana.

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