quarta-feira, 1 de maio de 2013

Programa-Ação Normal


De tantos acontecimentos desde a chegada, ainda não consegui falar direito da cidade nem um segundo. Incrível. Costumo dizer que são mil dias em um por aqui e não poderia ser mais verdade. Engraçado. Até pra quem vem acompanhando o blog com certa frequência e sabe que eu estou aqui, não faz a menor ideia de como é a cidade. Pelo pouco que eu falei, não dá pra ter quase noção. O problema será sanado em breve.

Antes disso, preciso dizer que fiquei cinco dias seguidos em casa. Um regime de isolamento que eu mesmo impus, sem querer. Como vou pela teoria de que tudo tem uma lógica, fui descobrir hoje a razão. Precisava disso. Ao contrário da Tanzânia, o Quênia vem sugando minhas energias de canudinho. O trabalho psicológico desempenhado é bem mais agressivo. Precisava acalmar. Foi saindo de casa hoje, depois de tanto tempo e bem mais tranquilo, que entendi toda essa lógica.

Nairóbi é sensacional? É. Uma metrópole grande e caótica, onde andar pelas ruas parece um jogo de videogame. Desviando de calçadas quebradas, pessoas andando do lado “errado” da rua (esquerdo é o certo) e pickpockets mirando os bolsos Mzungus sempre que possível. Como não se trata de diversão, não tem essa de perder uma vida não. Olho aberto siempre.

Algumas coisas me assustaram aqui pela cidade. Todo mundo andando de terno sempre. Vários bancos e mil filiais, alguns prédios monumentais. Agora, olha que doideira: hoje fui no supermercado. Absurdo, né? Um lugar em que eles colocam vários produtos enfileiradinhos, organizados por setores, dá pra andar livremente. Ah é, esqueci que tem isso no Rio também. Depois de dois meses comprando em quitanda, nem contava mais com tal modernidade. Mas os precinhos ó!

No meu palácio reina a coletividade. Por isso, não faça movimentos bruscos se não dá problema. O que é bem fácil, na verdade. O finlandês há alguns dias conseguiu quebrar todas as regras da casa ao mesmo tempo e ébrio feito um gambá, trouxe uma “profissa” da arte do acasalamento pra dentro do ambiente. Tal foi o meu transtorno e preocupação que recolhi todos os meus pertences e fiquei no quarto. Curiosamente, alguns dias depois ele se deu conta do sumiço de cento e cinquenta euros. Que coincidência.

O perigo não é nem só dele, até porque se fosse eu estaria tranquilo. O problema é que as santas meninas normalmente deitam e rolam pra cima dos branquelos e eventualmente levam um souvenir na saída da casa. Eu só fiz questão de que o souvenir não fosse nada patrocinado por mim, como o computador, um celular ou até dinheiro. Depois do episódio, ele foi duramente repreendido pela AIESEC. O que ele fez a respeito? Amanhã tá indo par Mombasa com a cidadã.

E o placar da Rádio Globo: R$4.210,00 e U$650,00. Já está sendo providenciada a remessa de dinheiro carioca pro meu cartão. Até agora, foram transferidos R$3.690,00, que equivalem a U$1.725,23 na cotação de 2.14. Dentro de alguns dias surgirão os primeiros vídeos da galera que fez por merecer. E você, vai ficar aí parado? Os cães ladram, mas a caravana não para.

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