sábado, 4 de maio de 2013

Noitada Africana: Parte 2


Sem querer querendo, acabei me infiltrando numa festa de aniversário em Eastlands, lá do outro lado da cidade. Pra começar, festa estranha com gente esquisita. Claro que com o passar do tempo, vai acontecendo aquela entrosada bacana. Deixei de ser o Mzungu invasor pra me tornar o brasileiro camarada de todos. Tá valendo, tá valendo.

Esse evento era comemoração de aniversário de uma menina que trabalha na AIESEC e fez vinte e três anos hoje. Uma loucura, casa lotada e música alta. Álcool de todos os tipos, uma galerinha bem maluca e ninguém parava um minuto. Como sou carne nova no pedaço e branco, recebi um bombardeiro de propostas e (in)diretas pra cair dentro.

Não é porque sou lindo (também isso). Mas existe essa cultura de que o gringo é um cara vivido, que já viu muita coisa na vida e isso chama atenção pra meninada que nunca viu nada além do Quênia. Pra melhorar a brincadeira, o gringo branco é uma espécie rara de brotar no pedaço. Além da vivencia, uma redonda conta bancária pode se tornar extremamente atraente.

O aniversário foi bem bom sim. Não me atrevo a beber por acá porque perder um pingo do juízo pode ser fatal. Não dentro da casa, mas principalmente na boate planejada pra depois da festa. Não compareci, morto de cansaço e meio saturado de música eletrônica e hip-hop que não fazem minha cabeça.

Alguns fatos chamaram a atenção. O primeiro foi quando contei pra uma menina sobre o evento do hospital e aprendi que várias pessoas são assassinadas dentro dos ambulatórios pra terem seus órgãos confiscados e vendidos. Tomei conhecimento no meio da festa. Momento oportuno, carambola. Nada melhor do que avacalhar o clima da festividade com um pensamento desses.

Pouquinho después, saímos num carro que cabiam quatro pra Westlands, donde pegaria um transporte pra residência. Acontece que éramos nove no veículo e quase perdi as pernas, de tão apertado. Parecia aquelas pegadinhas pra ver quantas pessoas cabiam dentro do carro. Chegando no local, abordados por pessoas humildes e famintas. E tanta gente gastando fortunas em bebida e cheap pleasures.

Decidi que esse lance de sair não tá com nada. Não dá pra aproveitar pela consciência de que aquela grana representa a vida ou a morte pra pessoas muito perto dali. Sim, concordo que com o tempo vou “regredir” nesse extremismo e passar a distinguir a vida boa do que há de mais miserável. Quem sabe eu consiga aproveitar um cadinho mais. Veremos. 

3 comentários:

  1. Morreeeeeeeeeendo de rir!!!!!!!!!!! Olha que sou chegada numa night mas confesso...ia passar a seco tb!!!

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  2. BTW arrazooooou no Strokes!!!! Indie de qualidade!!!

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    1. Hahaha sem condições de noitada, acá!

      E a musiquinha é sempre pra embalar a publicação! O ideal é dar o play e ler tudo!

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