quinta-feira, 23 de maio de 2013

Boa ou Ruim


Esta publicação ficou pronta ontem, depois do almoço. Infelizmente, a eletricidade queniana não é exatamente confiável e só pude publicar agora, mais de um dia depois, quando a luz finalmente voltou. Portanto, todas as palavras de referência temporal devem ser lidas como se você estivesse lendo ontem. Desculpe qualquer incômodo!

Vou dividir a publicação de hoje entre notícias boas e notícias ruins. E não tem essa de qual você quer primeiro não que vem tudo junto. Devo ressaltar que as notícias más são quase inofensivas enquanto as notícias boas são espetaculares. O saldo final da balança chega a ser covardia com as malvadezas. Surra de positividade em todos os rounds.

Notícia Boa: A campanha atingiu a casa dos R$12.943,60. O treze tá martelando a trave. Isso significa aproximadamente U$5.992,41 e praticamente 480.000 shillings. Continuamos todos firmes e fortes pelo tempo restante. Se você ainda não está familiarizado com a campanha e precisa de informações sobre o projeto, continue lendo ou clique aqui.

Notícia Ruim: “Tempo restante” significa dezenove dias pra chegar ao Brasil. Apesar de estar apaixonado pela causa e por todo o impacto, não posso administrar os recursos se não estiver no Quênia para fazer pessoalmente. O que significa que a nossa belíssima corrida (de arrecadação) está quase chegando ao fim. O prazo para contribuição ficou até 01.06.2013 (primeiro de junho exclusive). Últimos quilômetros da corrida!

Notícia Boa: A construção do banheiro está linda de viver. Tenho supervisionado a obra todos os dias, afinal, o olho do “dono” que engorda o gado. Dá pra ver pela foto. Pra completar, hoje ainda foi dia de renovar toda a cozinha da Childrock Initiative. Pratos, talheres, panelas e mais importante, o suporte para cozinhar, que estava quase vindo abaixo. Garantir a alimentação é bom, mas sem ter onde cozinhar não dá.

Notícia Ruim: Tenho sido obrigado a “rejeitar” algumas ofertas de ajuda recentes por dois motivos: a instituição Childrock Initiative não é “minha”; e o tempo de cá está se esgotando. A Childrock Initiative existe há 13 anos, garantindo uma educação básica de qualidade pras crianças da favela de Mukuro. Quanto à campanha, posso me orgulhar e chamar de “minha”. Apesar de existir há tempos, as instalações do colégio são precárias em níveis inimagináveis e as contribuições servem para prover as condições básicas de estudo pra todos eles. Então, posso dizer que tenho amado as sugestões e interesses de todos, mas como nosso apoio é um remédio pra curar de vez e não só remediar, é algo mais pontual do que permanente. Daí o investimento em ganhos que se perpetuam por um longo período. Pra saber mais sobre a Childrock Initiative, clique aqui e aqui.

Notícia Boa: Assim como Guaraná, a campanha também é energia que contagia (não ganhei nada por essa frase). Depois de providenciar toda a arrecadação do zero, consegui contagiar uma alemã que mora na mesma casa que eu. Ela não veio pra trabalhar em colégios, mas numa organização que pretende conscientizar jovens sobre HIV e afins. Com isso, Beckenbauer anunciou que conseguiu mil euros (isso aí que você leu) com os amigos da Bavária, para incluir no meu orçamento e gastar. Deliçoca, delícia de paçoca (não ganhei nada também).


Notícia Ruim: Quem acompanha o humilde espaço cibernético deve lembrar que falei sobre certo racismo (clique aqui), predominante na mentalidade queniana e tanzaniana. Quando parei pra amarrar o cadarço na volta do colégio, um pai parou a sua trajetória com o filho e pediu para que o moleque “passasse a mão no Mzungu”. Assim, como um animal. Não sou de deixar barato e assim que o menininho encostou em mim, rugi feito leão. A criança chorou como nunca. Depois fiquei com pena, mas na hora foi a única solução que consegui pensar. A cabeleira ajudou bastante.

Notícia Boa: Depois de renovar a cozinha, garantir a alimentação por dois meses (pra começar) e construir o banheiro, chegou a hora que todos desejavam. Amanhã vou rodar a cidade com cinco professores atrás de todos os livros necessários, pra todas as matérias, todas as séries, todos os alunos. Não haverá um pequeno cidadão sem o importantíssimo objeto de estudo. Pra perpetuar, os livros serão armazenados no próprio colégio e não irão adiante com o estudante pra série seguinte. Assim, os que passarem de ano chegarão com a faca e o queijo na mão. Quero fazer uma foto épica. Viva e verá.

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