quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mestre de Obras

Poderia ser pior

Ontem não consegui escrever o blog de tão “pê da vida”. Não apenas recebei uma cotação detalhada pras obras do banheiro que giravam em torno da casa de U$2.200,00 (dois mil e duzentos dólares), como presenciei alguns furtos dentro da minha casa. Pois é, ontem foi barra. Mas nada como um dia após o outro, porque quase tudo foi solucionado e explicado.

Começando pelo mais importante, cuspi marimbondo quando recebi o e-mail com os valores astronômicos do banheiro. Quando conversei com os administradores, eles me garantiram que a obra toda seria entre U$1.400,00 e U$1.600,00. No entanto, toda pessoa sabe que qualquer obra tem seu valor dobrado logo depois que se começam os preparativos e as aquisições de material.
                           
Já esperava sim um pequeno reajuste no valor, essa rapaziada da construção civil não é mole. O problema é que o custo dos materiais na planilha estava em U$1.700,00 com algumas superfaturadas e o custo do salário do camarada que iria cavar a fossa, U$500,00. Sinceramente, se dentro de uma favela fossem cobrados quinhentos dólares por uma pequena obra, ninguém faria nada nunca.

Ademais, superfaturar obra com intuito de ajudar a comunidade é de um mau-caratismo ímpar. Sim, pode parecer muita expectativa da minha parte, porque negócio é negócio e ninguém se importa com a finalidade. Ainda assim, fosse por patriotismo ou o mínimo de coração, não custava nada (ou custava, aparentemente) propor algo em valores razoáveis.

Desabafo feito, vamos pra parte boa. Cheguei no colégio pra comentar com o diretor, Erick, sobre o e-mail e a minha raiva em relação à situação. Pra minha surpresa, fui recebido com explicações agradáveis e um planejamento bom. O diretor me contou que havia pedido o orçamento pra saber quais materiais comprar, adquirir por conta própria e colocar a própria comunidade pra trabalhar em cima do banheiro.

Disso decorre que não só os materiais serão bem mais baratos, quanto o custo do trabalho será bastante reduzido. Espero chegar na casa dos U$1.700,00 no máximo. Tenho certeza que Erick irá trabalhar incansavelmente pra reduzir os custos, uma vez que quanto mais verba “sobra” (da receita do banheiro), mais podemos aplicar em livros, comida e outros itens (com as contribuições não direcionadas).

O meu dilema é: quero comprar todos os materiais com o diretor, mas não posso ir junto. Avistar o Mzungu é sinônimo de oportunidade de ganhar dinheiro fácil e é realmente esse o pensamento predominante. A fiscalização na compra dos materiais e na realização das obras será completa, mas não posso aparecer como o financiador dessa iniciativa pra não jogar o poder de barganha por água abaixo.

Mais relaxado, tive um dia sensacional. É realmente questão de se abrir pro mundo. Em Mukuro fui cumprimentado por todos. Claro que sobrou um “Jesus” no meio, mas foi só eu atender ao chamado que o menininho saiu gritando pros amigos que eu realmente era O cara. Quanto ao furto dentro da casa, um shampoo sumiu ontem e um desodorante hoje. Tem alguém precisando ficar cheiroso de qualquer jeito.

Atualização e excelentes notícias: R$6.994,00. Dá pra falar sete né? Quero R$10.000,00! Vamos!

3 comentários:

  1. Pooo e eu aqui preocupada achando que era objeto serio!!! Td bem que o ato por si só ja revolta e te coloca em estado de alerta e na boa, em casa é o ultimo lugar que vc quer estar em alerta!! Mas que bom que foi so um shampoozinnn...Adoreeeei a noticia da solução para redução de custo!!! Vc é O cara e o Erick seu ajudante...! rs Tive uma ideia mas essa vai por inbox... Keep strong man!!!!!

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    1. Não é nem pelo objeto, mas pelo furto! Começa assim, um shampoo aqui, outro desodorante ali. Daqui a pouco é computador, dinheiro.. Quem diz é quem é, madame! Estamos juntos nessa empreitada!

      Keep strong, woman!

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  2. Antes tivessem roubado a maquina de barbear ou a gilette... :P

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