quinta-feira, 30 de maio de 2013

Dilma Vez Só

Ninguém mais, ninguém menos que Madame Presidenta deu o ar da graça pelo lindo continente que habitarei por mais onze dias. A convite da União Africana, representando a América Latina pela grandeza de nossa nação, Mrs. President decolou para Adis Abeba com Roberto Azevedo, recém-eleito diretor geral da OMC, para comemoração de cinquenta años da entidade.

Como boa politicagem não podia faltar, a viagem à capital da Etiópia serviu pra agradecer por todos os votos africanos que garantiram menino Roberto na direção da Organização Mundial do Comércio. Para estreitar os laços com a África, ainda foi criada uma diretoria no BNDES apenas com o propósito de celebrar parcerias econômicas. Tá, mas e daí Bruno?

Daí que alguns pontos me chamaram atenção. Como “representante” extraoficial brazuca na terrinha, sou quase que obrigado a dar o pitaco. Que será dado. Além da assinatura de cooperação em áreas de educação, ciência e tecnologia, tudo muito bonito no papel, a chefe Dilma vez só perdoou cerca de novecentos milhões em dívidas.

Só a Tanzânia devia coisa pouca de duzentos e trinta e sete milhões. Vale lembrar que o volume das negociações entre Brasil e nações africanas subiu de cinco bilhões em 2000 pra vinte e seis bilhões no ano passado. No discurso de Rousseff, “vantagens mútuas e valores compartilhados”. Gosto dos dizeres, mas tenho medo de algumas consequências e metodologias.

Primeiro, fui procurados por algumas pessoas preocupadas com o impacto causado na Childrock. Uma preocupação espetacular de que “o peixe não fosse dado, mas sim a vara de pescar”. Saco vazio não fica em pé, então a comida foi a nossa contribuição do “peixe”. Todo o resto mencionado ontem faz parte do pacote viabilizar a construção da “vara de pescar”.

Então, qual a vantagem de perdoar a dívida? Tornamos-nos “bonzinhos” aos olhos africanos, que legal. Serão concedidos novos empréstimos que culminarão em nova inadimplência, enquanto as competências administrativas dos líderes africanos continuam sendo tão nocivas quanto coca-cola com mentos. Uma mistura explosiva.

Melhor ainda, a Human Rights Watch, organização defensora dos Direitos Humanos ao redor do mundo, alertou para as péssimas condições de vida em que vivem mineradores moçambicanos que trabalham para famosa empresa brasileira. Em Angola, historia similar com construtora. Atitudes positivas e construtivas aos países, sempre. Sem pé nem cabeça, não.

Venho pressionando o diretor e administrador da Childrock para ter o orçamento da aquisição do terreno em mãos logo. Como essa é a prioridade número um, acho preferível esperar o máximo para saber quanto sobrará das contribuições após essa imensa (e imensamente necessária) despesa. Enquanto isso, a música toca em R$24.371,03. Sensacional, hein? Vamos que vamos!

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