quarta-feira, 17 de abril de 2013

Childrock Initiative


Depois da comovente carta, nada mais certo do que apresentar o trabalho fenomenal feito pela organização que comanda a escola e diversos outros programas. Na coordenação e diretoria, John e Erick vêm fazendo o possível e o impossível pra inserir dentro de um orçamento as necessidades básicas de crianças que, sem eles, se tornariam criminosas ou apenas desamparadas.

Localizada no meio da favela de Mukuro, na região South B de Nairóbi, o colégio precisou mudar de endereço no ano passado devido a um incêndio que destruiu todas as instalações. Desânimo? Pelo contrário. Depois de pegar todos os entulhos e destroços e acumular um orçamento suficiente pra pagar o aluguel do espaço (dezessete mil shillings - cerca de duzentos e vinte dólares), o ensino foi normalizado e vai bem, dentro de todas as limitações.

Janeiro 2012
De maternal até o que seria a oitava série (nono ano agora), a instituição cozinha para as crianças (que não comem quando não há aula, caso do feriado que teve em função das eleições), ensina matérias básicas que garantiriam um lugar no ensino médio (ciências, suaíle, inglês, matemática, ensino religioso e estudos sociais, equivalente a história e geografia), desenvolve seminários e workshops à comunidade (como a palestra de direitos humanos que farei), dentre outras atividades.

Não dá pra fundamentar num único ponto de vista. A instituição tira crianças das facções e gangues que dominam a favela (cumprimento e sou cumprimentado todos os dias vários sujeitos armados ao entrar na comunidade) e se esforça pra não deixar ninguém de fora. Ontem mesmo visitei várias casas de famílias, a maioria com HIV positivo, que dependem da Childrock pra alimentarem esperanças.

Além disso, por não oferecer o ensino médio, existe sempre a tentativa (dependendo do orçamento apertado) de conferir bolsas de estudos aos melhores alunos, que completam o ensino básico sem condições financeiras de continuarem estudando. É o caso do George, que venceu um milhão de obstáculos pra concluir a primeira parte do ensino e vem pedindo ajuda há um tempo, segundo Erick.

Muitas das crianças não conseguem comparecer às aulas regularmente porque precisam ajudar os pais ou até trabalhar por conta própria para sobreviver. Numa conversa rápida com o gestor da favela, Joseph, ele me disse sobre a necessidade da ajuda que vem de fora e o conhecimento dentre os criminosos de que não se pode perturbar quem está ali pra ajudar no desenvolvimento da comunidade.

Hoje, por exemplo, faltou giz. Sem dinheiro pra comprar uma caixinha do material que custa sessenta shillings (um real e poucos centavos), contribuí junto com o finlandês para a aquisição do objeto de raro valor. Todo pedacinho de giz é tratado como um tesouro particular. Toda página de livro didático, uma expectativa de aprendizado e futuro promissor.

Como já venho anunciando para algumas pessoas, dentro de alguns dias pretendo lançar a campanha de arrecadação de fundos para a instituição. Todo o processo será conduzido por mim, com transparência total quanto aos depósitos, bem como cada contribuição terá seu destino escolhido pelo doador, dentre as opções do colégio. Aguardem valores e novidades nos próximos dias. À disposição pra quaisquer dúvidas e sugestões!

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