Depois da comovente carta, nada mais certo do que
apresentar o trabalho fenomenal feito pela organização que comanda a escola e
diversos outros programas. Na coordenação e diretoria, John e Erick vêm fazendo
o possível e o impossível pra inserir dentro de um orçamento as necessidades
básicas de crianças que, sem eles, se tornariam criminosas ou apenas
desamparadas.
Localizada no meio da favela de Mukuro, na região
South B de Nairóbi, o colégio precisou mudar de endereço no ano passado devido
a um incêndio que destruiu todas as instalações. Desânimo? Pelo contrário.
Depois de pegar todos os entulhos e destroços e acumular um orçamento
suficiente pra pagar o aluguel do espaço (dezessete mil shillings - cerca de
duzentos e vinte dólares), o ensino foi normalizado e vai bem, dentro de todas
as limitações.
Janeiro 2012 |
De maternal até o que seria a oitava série (nono ano
agora), a instituição cozinha para as crianças (que não comem quando não há
aula, caso do feriado que teve em função das eleições), ensina matérias básicas
que garantiriam um lugar no ensino médio (ciências, suaíle, inglês, matemática,
ensino religioso e estudos sociais, equivalente a história e geografia),
desenvolve seminários e workshops à comunidade (como a palestra de direitos
humanos que farei), dentre outras atividades.
Não dá pra fundamentar num único ponto de vista. A
instituição tira crianças das facções e gangues que dominam a favela
(cumprimento e sou cumprimentado todos os dias vários sujeitos armados ao
entrar na comunidade) e se esforça pra não deixar ninguém de fora. Ontem mesmo
visitei várias casas de famílias, a maioria com HIV positivo, que dependem da
Childrock pra alimentarem esperanças.
Além disso, por não oferecer o ensino médio, existe
sempre a tentativa (dependendo do orçamento apertado) de conferir bolsas de
estudos aos melhores alunos, que completam o ensino básico sem condições
financeiras de continuarem estudando. É o caso do George, que venceu um milhão
de obstáculos pra concluir a primeira parte do ensino e vem pedindo ajuda há um
tempo, segundo Erick.
Muitas das crianças não conseguem comparecer às aulas
regularmente porque precisam ajudar os pais ou até trabalhar por conta própria
para sobreviver. Numa conversa rápida com o gestor da favela, Joseph, ele me
disse sobre a necessidade da ajuda que vem de fora e o conhecimento dentre os
criminosos de que não se pode perturbar quem está ali pra ajudar no
desenvolvimento da comunidade.
Hoje, por exemplo, faltou giz. Sem dinheiro pra
comprar uma caixinha do material que custa sessenta shillings (um real e poucos
centavos), contribuí junto com o finlandês para a aquisição do objeto de raro
valor. Todo pedacinho de giz é tratado como um tesouro particular. Toda página
de livro didático, uma expectativa de aprendizado e futuro promissor.
Como já venho anunciando para algumas pessoas,
dentro de alguns dias pretendo lançar a campanha de arrecadação de fundos para
a instituição. Todo o processo será conduzido por mim, com transparência total
quanto aos depósitos, bem como cada contribuição terá seu destino escolhido
pelo doador, dentre as opções do colégio. Aguardem valores e novidades nos
próximos dias. À disposição pra quaisquer dúvidas e sugestões!
boa irmão, vai com tudo!
ResponderExcluir