segunda-feira, 22 de abril de 2013

Reaquecendo as Turbinas


Escrevi essa publicação há três dias atrás, mas fiquei o final de semana inteiro sem internet. Como não tinha créditos suficientes no celular, não deu nem pra ativar o 3G e evitar o surto coletivo de todos os familiares. Pra melhorar, nessa segunda-feira depois do trabalho cheguei em casa e... sem luz. Consequentemente, a internet que estaria consertada também não funcionava (o modem depende de eletricidade). Que fase.

Meio doente, tive a ideia de fazer um segundo vídeo promocional pra campanha. Então quando a panela começar a querer desandar, vem um lembrete de que o futuro de várias crianças está na mão de vocês. E está mesmo. Aliás, se qualquer um tiver uma criatividade aguçada e quiser sugerir uma ação inteligente, todo auxílio é muitíssimo bem vindo.

Contrair qualquer problema tem sido rotineiro nos finais de semana. Certa vez li que todas as doenças físicas costumam ter uma causa interna ou são consequências de “problemas” psicológicos que precisamos tratar. Acredito que a repetição de febre, gripe ou cansaço são frutos do choque de realidade sofrido cotidianamente. Tem vezes que é complicado.

Não mencionei um fato relevante outro dia por estar compartilhando muitas informações “desagradáveis”. Marina, uma amiga minha que também faz trabalho voluntário no Quênia, mas em outro colégio, testemunhou um aluno que não conseguia se concentrar de forma alguma. Ao ser questionado, explicou que não comia há três dias.

Não para por aí. Ela também relatou no blog dela (clique aqui) a realidade de ter visto um cidadão morrer de fome. Literalmente. O indivíduo tentou levantar-se do chão pra seguir em frente. Totalmente sem forças por conta da inanição, desabou como um saco de batatas e por ali ficou, sem vida. Aparentemente não deu tempo de oferecer qualquer alimento ao sujeito.

É triste pensar que situações como essas se repetem diariamente e passam completamente despercebidas. Apesar de dizerem que problemas maiores não justificam problemas menores, como posso reclamar da falta da internet depois de ter dormido por horas confortavelmente no meu colchão e acordar degustando uma torrada com manteiga? Não dá.

Quanto ao projeto, pode ficar tranquilo que tá em andamento. O problema é que a dependência de milhões de outras pessoas (algumas da AIESEC, outras da própria Childrock), fico de mãos atadas pra dar continuidade e finalmente inaugurar a iniciativa. Mas pode descansar sossegado que vai sair do forno ainda essa semana, pelo menos!

Uma atitude que me deixa transtornado na casa é a reclamação constante de absolutamente tudo por parte de todos os outros. Será possível que nem o mais evidente dos aprendizados não conseguiram absorver? Além de saírem pra curtir a vida todo final de semana depois de ver a situação degradante da favela, ainda ficam reclamando da ausência de qualquer coisa. Impressionante.

Portanto, dá pra concluir seguramente que não é só o ambiente que faz a experiência. Não adianta nada vir pra cá fazer o trabalho e continuar com os olhos fechados pro mundo. Dentro de casa, num momento de reflexão, pode se aprender muito mais do que qualquer pessoa que vem ver mas não enxerga.  Capisce?

2 comentários:

  1. Oi,Bruno aqui é Lilian,Mãe do Pedro Perri,leio seu blog com frequência e quero te dizer que fico feliz ao ler seu relato sobre esse grande desafio que vc se propos.Quero ajudar,como posso fazer isso?Tenho muita fé que esse mundo pode ser muito melhor com rapazes e moças que como vc tem o coração tocado e coloca a mão na massa.Beijos,força,coragem

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    1. Oi Lilian! Que coisa boa saber que você vem acompanhando também! Como vão os Perri's? Dá um abração especial no Pedro que é meu irmão! Estou lançando AMANHÃ a campanha de arrecadação de fundos com todos os orçamentos e diferentes possibilidades de ajudar! Continue antenada ao blog! Grande beijo, muito obrigado!

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