quarta-feira, 3 de abril de 2013

Medicinada


Péssima notícia que venho compartilhar com meus amigos médicos. A medicina praticada na Tanzânia vai de mal a pior. A população não tem condição de bancar um sistema de saúde sequer razoável e o governo não toma providencias pra construir hospitais ou centros de saúde que sirvam ao atendimento popular. A situação aqui é pior que a fila da madrugada do Miguel Couto.

Lembro que disse que o chinês Frank da casa pegou malária e desembolsou a generosa quantia de oitocentos dólares por dois dias de internação. Unindo ao fato também afirmado de que 85% da sociedade vive com menos de um dólar por dia, vamos a matemática (eita). Partindo do um dólar por dia, seria necessário que o cidadão laborasse seguidamente por oitocentos dias pra bancar dois dias de hospital. Essa conta foi difícil, hein.

Existe lentamente a introdução de um sistema de plano de saúde na Tanzânia. No entanto, os planos de saúde e seguros em geral são considerados “itens de segunda necessidade”. Ou seja, a conta apertou, a primeira conta a se cancelar é a desse plano. Principalmente se os médicos credenciados são pouquíssimos e a mensalidade/anuidade continua sendo bastante cara.
 
Por isso, aproveito o gap pra lembrar que quase toda a população faz uso de médicos bruxos. A sabedoria milenar africana, mesmo considerada bruxaria (e portanto, criminosa) continua sendo o socorro aos enfermos desta gigante nação de quarenta e quatro milhões de cabeças. No museu, inclusive vi uma exposição de “medicamentos” pra uma série de doenças. Pra problemas de pressão, o remédio do museu era rastafári.

Foi desse recurso de médicos bruxos que se instaurou uma das situações mais agressivas e violentas aos Direitos Humanos existentes no mundo. Segundo tais camaradas, transplantar órgãos de um albino seria a salvação pra qualquer problema de saúde possível e existente. Consequência: o genocídio de albinos por todo o país, inclusive com sacrifício de crianças recém-nascidas com esta rara condição.

Perto de onde morava, havia uma mulher albina que servia a todos enchendo baldes de água de graça. Talvez essa tenha sido a maneira de dizer que era uma pessoa útil ainda viva, gerando uma espécie de compaixão nos locais que pretendessem assassiná-la.  Além de violar praticamente todos os Direitos Humanos juntos, reduzir uma existência ao mero objetivo de sobreviver não deveria ser permitido em lugar nenhum do mundo.

Por isso, médicos, venham pra cá! Estamos precisando de muita gente boa e qualificada pra aceitar o desafio de medicar a África e gerar condições de saúde suficientes pra bagaça evoluir. Está lançado o desafio. O site do médicos sem fronteiras é esse aqui. Se algum dos senhores quiser fazer uma vivencia diferenciada das demás, taí a oportunidade. Quanto vale o médico?

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