sexta-feira, 12 de abril de 2013

Elefantes e Búfalos



O último dia de safári superou os limites dos outros dois dias juntos. Se é que era possível. A paisagem do acampamento em Ngorogoro Crater foi eternizada na memória como o cenário mais bonito que vi na vida. Tentei tirar algumas fotos, mas não consegui fotografar o giro de trezentos e sessenta graus no meio de uma natureza alucinante.

Se no outro acampamento havia leões e hienas entre as barracas, neste sítio o animal era outro. Antes mesmo de dormir, cerca de dez horas da noite, era possível ver pela lanterna vários elefantes atravessando o acampamento de dois mil e trezentos metros de altitude em busca de comida. Imagina só: levantar a luz pra um local com ruídos e barulhos e ver paquidermes caminhando lentamente, a dez metros de você. Palavrão a sua escolha.

O único problema foi que nessa noite me deu vontade de urinar às três da manhã. Sem condições nenhumas de andar até o banheiro e tremendo de frio, abri um pouquinho o zíper da barraca tentando ver qualquer bicho ao redor. Quase chorando de medo, não consegui sair. O máximo que deu pra fazer foi colocar o menino pra fora e rezar pra não tomar uma mordida na criança.

A bateria da minha câmera havia acabado dos primeiros dias e rezei pra ter onde carregar. Achei, que alegria! Seria ainda mais feliz se eu não tivesse sido atacado por um besouro pré-histórico maior que a minha cabeça enquanto segurava a câmera. Nesse instante, depois de passar a noite inteira recuperando a carga, o objeto fotográfico deu um voo mais bonito que o de vários pássaros do safári e estatelou no chão sem vida. Que sorte.

Depois do episódio memorável, parti rumo à cratera, numa descida fenomenal. Ao contrário do Serengeti, onde os bichos estão cada um no seu próprio habitat, dentro de Ngorogoro todos os animais dividiam o mesmo espaço. Elefantes, rinocerontes, hienas, leões, búfalos, gnus, zebras, avestruzes, hipopótamos e até uma lagoa com milhares de Flamingos aglomerados.

Acompanhe as palavras, depois fecha o olho e imagina. Uma cratera lotada de natureza, de uma diversidade biológica absurda. Descida às seis da manhã pegando o nascer do sol com o despertar de todas as criaturas. Dando bom dia pras zebras. Pendurado no teto do carro, os olhos tentando registrar cada virada de pescoço. Momento mágico.

Depois da aventura, o guia contou algumas histórias de terror do acampamento, com elefantes surtando e pisoteando barracas. Bacana que ele não fez isso antes, senão ia ser brabo de cair no sono. No dia mais surreal de todos e sem câmera, fiquei só com as fotos do celular. Dá pra ter uma noção e morrer de vontade de fazer isso. Por favor, uma vez na vida, façam isso. Câmbio, desligo.





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