domingo, 14 de abril de 2013

Gimme The Night


Diferente de Dar es Salaam, em que a possibilidade de sair era nula, Nairóbi possui uma vida noturna bastante ativa. Tão ativa que os locais costumam dizer que a cidade é noturna e só dá o ar da graça quando o sol se põe. Meio contrariado por alguns dilemas internos, acabei saindo pra uma festa dentro da casa de alguém que não sei o nome. E aí começou.

Primeiro, pensei na injustiça de me divertir em comparação com o final de semana das crianças do colégio. Concordo que não vim fazer voto de pobreza, mas um dos maiores desafios tem sido distinguir a realidade “rica” da realidade miserável. Entender que estou fazendo o meu melhor pra melhorar esse quadro, mas enquanto isso a vida não pode parar. É muito difícil.

Superado esse questionamento, embora tenha me lembrado disso várias vezes no meio da noite, conheci bastante gente na festinha da casa. Numa mistura cultural incrível, norueguesa, canadense, americana, finlandês, brasileira e vários quenianos, claro. Até que deu samba. Seria ainda melhor se meia-noite não tivéssemos sido expulsos pelos proprietários pela barulheira. A vizinhança é chinesa. Tire suas próprias conclusões.

Dali pra várias boites em Westlands. Na maioria delas (quase todas) não se paga a entrada. Mesmo assim, não queria ir não. Não sou fã de noitada nem em hometown Rio de Janeiro. Como todo mundo da minha casa foi, não me restou opção (muito caro voltar pra residência sozinho e viva a zurice). No final das contas até me deu vontade de ir pra ver como funcionava, de curiosa idade.

O nome da primeira casa de evento era Havana, mas não tinha música cubana. Ao contrário, era conhecida não pela presença de latinos, mas de vários Mzungus que habitam a região. De várias idades, de muitos amores (salve Martinho). Se por um lado não era necessário esquentar tanto a cabeça com violência, por outro a figura do “Mzungu Rico” é um atrativo desagradável. Todo mundo pensa que o branco tem dinheiro e a meninada cai dentro sem dó nem piedade. Não, obrigado.

A segunda casa se chamava Changes e nem cheguei a ir lá porque a rapaziada da minha casa quis ir embora antes. O finlandês bêbado feito um gambá e o holandês com a namorada que chegou pra viajar com ele pelo Quênia. Mas que bela equipe. Reza a lenda que as boates de Nairóbi são bacaninhas, mas a mulherada se esfrega que nem lagartixa por dois motivos: atração e furto. Majoritariamente furto.

Relato de alguns alemães que foram várias vezes: as meninas começam a rebolar em cima de você como se não houvesse amanhã enquanto vão dando tapinhas nos bolsos pra o conteúdo ir saindo da calça. O conteúdo é o celular e o dinheiro, seus pervertidos. Além dessa técnica, me contaram que caso você se agarre a alguma cidadã, os outros aproveitam e tiram tudo do seu bolso enquanto o trouxa pensa que é a menina desvendando locais.

Se ir pra noitada já não era muito da minha laia, agora então que será complicadíssimo. Barzinho, sempre válido. Agora, comparecer a um lugar em que a música não é boa, as pessoas são esquisitas e sempre tem um malandro tentando se dar bem furtando seu celular ou sua carteira é brincadeira. E sem beber muito, perder um pingo da consciência pode ser “fatal”.

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