
Sair de casa as sete de lá manhã pra pegar o bus. Lembra
do Dala-Dala que eu chamei de Dela-Dela por um tempão? Então, aqui é a mesma coisa
mas chama Matatu. Só que por uma lei abençoada, não pode ninguém ir em pé senão
o condutor toma uma multa. O que quer dizer que sempre se vai sentadinho,
curtindo a viagem (preocupado apenas com a presença de ladronáceos). Por outro
lado, os amigos dirigem como se não houvesse amanhã (até porque pode ser que
não haja mesmo).
Chegando lá, a favela de Mukuro logo depois de chover
canivetes era um cenário pós-guerra. Como o chão vem da mãe natureza e é composto
de pedras e lama, parecia a finalíssima de Barretos de tão enlameado que
estava. Graças a deus não havia música sertaneja, ao contrário da nobre boiada.
Encontrar o caminho pelo colégio foi bastante tranquilo, seguido pelos olhares
impressionados do Señor de lós Anillos.
Finalmente marquei minhas aulas, que começam a partir
de amanhã. Social Studies (história)
pra duas turmas diferentes e English pra
turma seis, minha preferida até agora. Todo dia, menos sexta-feira que é o dia
do hospital. Encarar o colégio foi bem mais natural, o que não sei se é bom ou
ruim. Acostumar com tais condições nunca é bom.
Pra completar, Nancy (que quer ser advogada e eu mimo
o tempo todo por isso) estava com febre. Sem ter pra onde ir, John (o
coordenador) deu um ritmo alegando ser necessário para que ela sobrevivesse. Só
o uso da palavra survive já foi digno
de um tiro no coração. Apesar disso, consegui me manter mais frio que Arnold Schwarzenegger
no primeiro Batman (homem de gelo).
No aniversário de dois meses, teve saudade, teve
miséria, teve violência, teve doideira no transporte e chuva à beça. No
aniversário de dois meses, teve aprendizado, teve evolução, teve vivência e emoção. Praticamente um resumo bem resumido da ópera. Vamos ver o que o aniversário de dois meses e um dia me aguarda. Afinal, todo dia é dia.
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