segunda-feira, 1 de abril de 2013

V for Vendetta


A cidade de Arusha sabe falar português. Não apenas sabe como entrou no blog, leu que eu não tinha curtido muito ontem e compensou legal. Depois da notícia que o safári começaria só na terça e não mais na segunda (hoje), tive que arrumar o que fazer neste feriado nacional. Em contato com um guia, vivi mais um daqueles episódios do Inacreditável Futebol Clube©.

 Fechei por quinze dólares um passeio ao Meserani Snake Park, um mini zoológico com as cobras típicas da região e outros animais. Apesar da entrada de outros quinze dólares ser meio salgada, valeu a pena. Cada cobra mais malvada que a outra. Pra coroar a passagem no parque, uma foto com essa pequenininha aparentemente inofensiva. Essa cara foi a melhor que eu consegui fazer pra fingir que eu não estava quase chorando de medo.

Ainda tem dentro desse parque um museu de cera com a vida das tribos da região. Não valia nada, porque a minha próxima parada era uma tribo Masaai perto da vila Monduli. Não uma tribo pra gringo ver, mas uma autêntica, com todas as vestes e hábitos ainda praticados.

No caminho lamacento, por ter chovido cântaros ontem à noite, passei por um mercado Masaai de compra e venda de boi. Nesse instante, fiquei sabendo que um bovino custa a bagatela de quinhentos mil shillings (uns seiscentos reais). De repente por isso que deliciar uma carne por aqui é tão raro. Eu sequer cogitaria abater um bicho que vale tanto pros padrões locais.

Depois de avacalhar meu tênis completamente, encontrei uma tribo aparentemente fechada. No entanto, alguns cães (vacas, burros e bezerros) guardavam o território melhor que qualquer segurança particular. Encontrei duas crianças Masaai, com as quais tirei fotos e visitei o interior das casas. A missão ainda não estava completa.

Saindo de lá pra alguma tribo mais povoada, achei uma de duzentos e cinquenta habitantes com milhões de crianças me recepcionando aos berros de Mzungu. A aldeia tinha várias casinhas de barro e acabei provando uma iguaria tribal cujo nome desconheço na cabana de uma anciã. Preciso ler essa frase várias vezes pra mim mesmo, pra assimilar o fato descrito.

Uma experiência muito engraçada que aconteceu foi a seguinte: a alemã trouxe tic-tac pra Tanzânia e tinha um pouco na bolsa. As crianças sempre pedem algo dos “meninos brancos” e receberam umas balinhas pra acalmar os ânimos. A reação delas foi impagável. Todas pararam ao mesmo tempo e começaram a “assoprar” pra sentir o fresquinho da bala. Não posso afirmar, mas talvez tenha sido a primeira vez que experimentaram uma balinha geladinha (apenas duas calorias).

A arte de se fazer um dia surreal de um dia ordinário. De manhã cedo, infelizmente mais um dia em Arusha. Agora, às três da tarde, a felicidade por ter ficado aqui pra vivenciar os acontecimentos acima. Essa prática não exige África, viagem ou férias. Todos têm a capacidade de fazer um dia sensacional do nada. Uma atitude diferente daquela do dia anterior pode gerar resultados inesquecíveis. Namastê.

2 comentários:

  1. porra, do caralho esse post irmão!!!
    por que tu não roubou a lança de um homem da tribo aí e saiu invadindo as casinhas deixando a lança na porta? Deu mole...
    hahahah

    saudades

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    1. Hahaha não dá pra competir com os camaradas não, irmão.. sabe como é né! Sem condições! Saudades, beijo

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