Como estou numa casa com mais duas chinesas, uma
alemã e vários tanzanianos que moram comigo, decidi dedicar um tempo pra essas
pessoas. A diferença de mentalidades é abissal, por viverem em sociedades tão estranhas
se comparadas à brasileira, e ao mesmo tempo fascinante, pois possuem ideias e
noções de mundo pouco comuns.
Ingênua que só ela |
Já falei bastante das chinesas, principalmente quando
o assunto é higiene. Mas o que impressiona realmente é a ingenuidade das
mulheres. A cultura chinesa faz com que essas meninas se comportem como as
crianças de doze, treze anos de idade do Brasil, inclusive em relação às
brincadeiras que elas fazem entre si. É coisa de desenho.
O que incomoda não é nem esse aspecto, mas os
chineses da casa se fecham em grupo de tal forma que não conseguem compartilhar
e viver a experiência em conjunto. Eles trouxeram tanta coisa de fora que
fizeram uma “mini-China” pela Tanzânia. Além de passarem o tempo todo falando
mandarim, todo dia no café da manhã tem miojo ou sopa. E no almoço. E no
jantar.
Beckenbauer |
A alemã é minha parceira de projeto e tá sempre
comigo nos trabalhos. Gente finíssima, embora o calor brasileño com a rigidez da Bavária não dê muito samba não. Muito apegada
à política do “não-me-toque”, tá demorando pra quebrar essa falta de
malemolência cintural, por mais que eu passe boa parte do tempo tentando fazer
piadinha pra animar a figura. Beckenbauer ficaria orgulhoso.
Já os amigos da terrinha africana são sensacionais,
animados e estão sempre dispostos a ajudar. É incrível como mesmo diante de
tanta miséria e falta de perspectiva, todos eles tenham planos tão grandes. De
todos que conversei, a maioria não só pretende abrir sua própria empresa, como
já executam um plano todo estruturado pra atingir esse objetivo.
O que me ocorreu conversando com todos eles foi a
quantidade de oportunidades de estudo sério e comprometido desperdiçadas na
faculdade e até fora dela. Ao mesmo tempo em que aqui eles fazem o impossível
pra atingir sonhos e metas, a garotada do nosso país ainda tá engatinhando rumo
aos objetivos, tentando até protelar encarar a vida de frente.
Não digo isso sem fundamento, porque já fiz parte
dessa turma. Não é fácil estar diante de decisões complicadas a tomar, por mais
que já se saiba o caminho pretendido. A comodidade de estar no amparo familiar,
confortavelmente estabelecido desde cedo pode fazer com que algumas pessoas
jamais tenham esse tipo de enfrentamento, mesmo trabalhando e seguindo em
frente.
Fecho hoje com as expectativas locais, pra
esclarecer:
Um estuda ciência da computação e quer abrir uma
empresa de publicidade online. Outro estuda administração e já tem a sua
própria empresa online de compra e venda de mercadorias. Dois outros pretendem
seguir a carreira artística e já movem montanhas pra comprar equipamentos de
gravação.
A lógica final parece batida, mas na verdade é
inovadora. Se cada um deles tivesse a oportunidade que temos, eu aposto que fariam
bem mais do que muitos fazem. Não tem nada de errado não saber o que quer ou
não ter planos pro futuro. O erro é afundar nesse sentimento de derrota, com
tantas oportunidades bacanas na palma da mão.
Eu tinha esta visão dos africanos. Eles nos esportes refletem muito essa gana, esforço extremo para chegar aos seus sonhos e objetivos, vide "Jamaica abaixo de Zero", corredores quenianos, jamaicanos, seleções de Nigéria, camarões, senegal e outras tantas que nos surpreendem!!!!
ResponderExcluirInstigante essa visão de futuro e corrida ao mesmo!!!
Beijunda... saudades doidin!!!
É, é exatamente assim meu irmão! Haja raça por essas bandas de cá! E nós, privilegiados, preguiçando pra chegarmos a algum lugar! Beijo, saudades safado!
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