Após onze horas dentro de um ônibus apelidado de
galinheiro, por ter muito lixo no chão e gemer a cada quique do veículo na
estrada de terra, cheguei a Moshi, a cidade do Kilimanjaro. Apesar do longo
tempo de jornada, fui premiado várias vezes com cenários espetaculares. Pra
fechar a exposição de dar inveja a qualquer biólogo/geólogo/geógrafo, o teto da
África: Kilimanjaro.
O caminho seria ainda mais excepcional, não fosse
pelo imenso contraste de miséria absoluta com a diversidade ambiental. Apesar
das paisagens exuberantes e nunca antes vistas na história desse país, não dava
pra ter uma sensação libertadora ou proveitosa. Aliás, não consegui ter
sensação nenhuma, o que me frustrou muito. Momento vivido sem emoção é momento
desperdiçado.
Talvez tenha me fechado pra não sentir o golpe das
condições de vida lamentáveis que vi. Tudo bem, passou. Ademais, depois de algumas
horas trancado num ônibus com vários locais, é fácil virar atração de circo. O Mzungu virou objeto de estudo de tal forma
que nem em Harvard conseguiriam igualar a profundidade da análise. Que saco.
Prosseguindo, a cidade parecia e é de fato bastante
convidativa. Bem mais pacata que Dar es Salaam, a economia gira em torno dos Mzungus que se aventuram por cá pra
tentar subir o pico mais alto do continente, com seis quilômetros de altura. Eu
queria, mas desembolsar mil dólares pela tentativa não tá pro meu bico não.
Depois de um jejum de vinte e quatro horas sem comer
comida de verdade (resto de cereal ontem a noite e pacote de biscoito no
terminal as cinco da manhã) e fedendo a percevejo velho, consegui tomar um
banho quente num hotel meia estrela com jeitinho de cinco. Sem muita disposição
de me aventurar em restaurantes distantes, morri no Chips Mayai do vídeo.
Além de sair pra comer, deixei agendado pra amanhã um
tour ao redor do Kilimanjaro incluindo passeios por uma cachoeira bem famosa
daqui e uma plantação de café. Começa às oito da matina e acaba às quatro da
tarde. Como o quarto do hotel me custa nove dólares a diária incluindo café da
manhã, deu pra desembolsar mais um cash nesta aventura tanzaniana. Amanhã digo
como foi.
Pra fechar, queria falar de um cara que faz
aniversário amanhã. Um cara que dá uns moles de vez em quando (assim como eu), que é teimoso
feito mula no telhado e até chegou a se opor a essa experiência. Apesar de tudo, eu amo
demais esse camarada e antes dele, minha vida era um saco. Literalmente.
Parabéns antecipado e publicamente, pai. Você sempre será O cara pra mim. Muitos
anos de vida pra que você possa me assistir ganhando várias argumentações de
você, como essa da viagem valer a pena. Ponto pro filhão.
Oi,Farofa estou acompanhando seu blog.Adoro ler os posts
ResponderExcluirOpa! Brigadão mas não sei quem é! Haha que bom que está acompanhando! Pode opinar ou sugerir o que quiser, fica à vontade! Beijo
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