Um dos pontos mais delicados de se discutir nas salas
de aula é a liberdade religiosa. A Tanzânia é um país que se declara muçulmano,
embora metade da nação seja cristã. Neste momento, existe uma tensão velada
entre as duas partes e quando perguntei a algumas pessoas nos transportes e nas
ruas fui informado que a situação é bem séria.
Questionei a chefe do projeto de Direitos Humanos,
com quem tive reunião hoje, sobre o fato de nunca ter visto nenhum tipo de
violência ou protesto pelas ruas. Ela me explicou que embora essa “guerra fria”
realmente esteja acontecendo, nenhuma das partes tem coragem de tomar uma
atitude por saber que desencadearia uma série de atentados e violência
gratuitos.
Tive a oportunidade de conversar com um pastor cristão,
ironicamente durante o transporte de ida pro colégio muçulmano. Este me disse
que os islâmicos aprontam muitas confusões e ficam criando guerra sem
motivações mais relevantes, causando verdadeira zona pela cidade. Como o pastor
já era um ancião e parecia um sábio saído de filme, nem discuti. Coube a mim o
sorriso e a “concordância”.
Como o proprietário da casa que habito é um senhor muçulmano que
sempre me cumprimenta com o As-Salamu Alaikum (já retribui com Shalom) e gente boníssima, embora tenha tentado me puxar pro lado dele, fica complicado visualizar gente como esse cara
fazendo baderna. Muito embora existam conflitos islâmicos com outras
religiões ao redor do mundo, não acredito que possua bagagem e conhecimento
suficiente pra dar qualquer tipo de opinião. Tomara que melhore e que eu
consiga fazer melhorar através da educação.
Na rua se vê muitas mulheres de burca e muitas outras
sem. Não presenciei nenhum conflito causado por religião ou crença. A única
verdade que posso atestar é que ao explicar o meu gosto por várias religiões diferentes,
inclusive algumas não conhecidas daqui, obtive como resposta olhares de repressão
e dúvida. Seria eu um bruxo? É melhor parar de discutir pra não ir pra lenha.
Sobre religião, tenho a seguinte opinião:
É muito fácil conviver em paz desde que cada pessoa
tenha sua crença e respeite a fé do outro. Tentar convencer sem ser chamado,
pra que? Caso se esteja numa discussão sobre motivos, razões de ser, é até
bacana de discutir. Mas no geral, dizem que política, futebol e religião não se
discutem.
É melhor mesmo! Não faz sentido brigar por interpretações,
ainda que dentro da mesma religião. Lógico que caso surja qualquer opressão por
parte de uma delas, o silêncio é a última opção. Como forma de restabelecer uma convivência pacífica e respeitosa entre todas, não além.
Eu amo religiões e saber mais sobre todas elas.
Acredito em uma série delas e também acredito que elas se complementam de
alguma forma, se encaixando perfeitamente. O problema das religiões não é a crença,
mas as instituições e as conduções ou “manipulações” realizadas por elas. Assim
como não preciso ir a algum lugar praticar a minha fé, respeito quem precise
desse local. E assim segue a humanidade. Brigar por religião é de uma estupidez
sem tamanho.
É extremamente bizarro como o ser humano torna sua fé pública e tenta convencer o outro de sua boa escolha num desespero nada velado de provar que está certo. É uma lógica esquisita. Cresci num ambiente multi religioso e sempre encarei a minha fé como algo muito, muito privado. Eu imagino que viver em uma situação extrema deve deixar as pessoas muito sensíveis em relação a tudo e principalmente religião, já que muitas vezes ela não é separada da fé ( e aqui uso fé como capacidade de acreditar que somos capazes de atingir um determinado resultado.)
ResponderExcluirBárbara, hoje foi a primeira vez que voltando do trabalho percebi uma tentativa real de convencer muçulmanos a rumarem ao catolicismo! Concordo com você e ainda acho que a religião aqui desempenha um papel fundamental de esperança. Talvez por isso se torne uma questão tão "delicada" como é. Como você falou, a fé é orientada pela religião, então.. Já viu!
ExcluirBrigadão pela idéia! Agregou bastante!
Beijos!