Um dos maiores aprendizados do intercâmbio é viver em
comunidade. Não por causa do convívio com outras culturas e conflitos deste
naipe, mas porque dentro da casa existe um verdadeiro regime de coletividade. Nada
é seu, tudo é de todos. O meu chinelo é usado por homens e mulheres de várias
idades e a comida adquirida deve ser comprada visando o paladar geral da nação.
O meu computador não é meu computador e fruta que eu
comprei não é só minha. A bebida que eu bebo deve ser compartilhada e as
atividades todas devem ser realizadas em grupo. Caso se queira sair do grupo
pra entrar no computador, por exemplo, é quase desejado pedir licença. Ainda
assim, se deve torcer pra que não haja ninguém curtindo um suor na sua cama. Acho
que o que realmente é meu são as cuecas e a dignidade.
Exageros à parte, a vida dentro desta residência não
é pra bom burguês. No começo foi bastante complicado entender essa lógica e
fiquei muito ciumento em relação as minhas coisas. Quando sumiram com meu
chinelo e o mesmo só brotou de noite foi difícil de aceitar. Afinal, que
história é essa de sair pegando coisa dos outros assim sem pedir? Nunca tinha
visto disso.
As time goes by, se passa não apenas a respeitar, mas até a gostar desse sistema.
Algumas vezes, morrendo de hambre, fui
surpreendido com a chegada de comida (grátis) de boa qualidade. Em outras,
precisando de uma nova sandália, adotei um calçado de dedo de fora esperto que
um chinês havia abandonado.
Cheguei a duas conclusões básicas em relação ao
regime. A primeira é que, talvez por ter crescido e sido influenciado por uma
sociedade “egoísta” (calma que ainda não virei o Che), tive imensa dificuldade
em compartilhar os meus pertences. Um sentimento esquisito de posse que inicialmente
prevalecia sempre que alguém tocava em alguma coisa minha. Com tanta
dificuldade e tanto problema ao redor, não vale a pena agir dessa forma. Todo
mundo junto é bem bacana também.
A segunda é que, por mais que seja bacana, todo mundo
precisa de uma individualidade, de alguma coisa pra chamar de sua. Esse sistema
faz com que os preguiçosos que não façam nada o dia inteiro acabem com a mesma
fatia do bolo de quem ralou pra conseguir aquela batata-frita fria de final de
noite. Esse modelo acaba gerando um comodismo fora do comum e uma injustiça não
tão legal.
Resolvi variar e lancei um vídeo da casa aqui
hoje! Vale a pena conferir pra quem queria ter uma ideia do cotidiano. Há
algumas semanas, os sofás não existiam e todos os quartos estavam imundos.
Assentos providenciados e uma limpeza geral sob batuta brazuca. Já tá dando pra
chamar de casa. De todo mundo, mas também minha. Casa.
Cara, acho que preciso ir prai! Sou um tantinho egoísta com as minahs coisas também, sabe?!
ResponderExcluirNão que não saiba dividir, não é isso. Mas as vezes a gente cresce sendo um tantão individualista né e sofre para se adaptar as outras realidades!
Muito orgulho de você! Aprendo contigo sempre que entro aqui para ler...gosto de chamar o seu blog de "meu momento do dia"...
Isso aqui é incrível! Parabéns querido!
Já te disse que fico bobão com os seus comentários! Orgulho recíproco, moça! Daqui a pouco tem mais momento do dia então! Hahaha.. Brigadú Net! Beijão
ExcluirBoa irmão, gostei do video, ficou bem filmado e a resoluçao boa também. Ve se filma mais
ResponderExcluirE assumo que a imagem criada por mim era bem pior do que foi.mostrado noo video. Hahahaha
Sensacional texto, continie com os videos
Beijo no coraçao
Hahaha, valeu irmão, filmarei mais!
ExcluirA casa é tranquila até, os arredores que devem ser mais parecidos com a tua imaginação, porque é bem pobre. Beijo, estamos juntos!