Quando morrer, quero ir pra um lugar assim. Nunca vi nada igual. Desembarquei no porto de Zanzibar às nove da manhã e me direcionei a autoridade portuária, que prontamente carimbou meu passaporte pela chegada ao novo país. Como conheci uma sueca no navio, pegamos um ônibus fretado até o norte da ilha.
Primeiro o motorista deixou a sueca num mega hotel. Ela
tinha viajado por Ruanda, Quênia e Tanzânia e acabado de contrair uma infecção
causada por “bad bugs” na cama do seu
último hotel. Por isso, decidiu investir pesado nos últimos dias do seu
mochilão pra relaxar num baita resort. Enquanto isso, fiquei numa mistura de
ansiedade e preocupação com o local que eu iria ficar, por pagar na diária o “absurdo”
de vinte e seis mil shillings (cerca de quinze dólares).
Chegando na hospedagem, encontrei alguns amigos
sentados na varanda do quarto, esperando por mim. Paguei o motorista pela corrida
de uma hora até o norte, em Nungwi (a ilha não é tão pequena assim) e entrei no
quarto. Confesso que a existência de um vaso e da água quente corrente pelo
chuveiro deu vontade de chorar.
No caminho, a natureza era impressionante. O
contraste entre a pobreza somada aos olhares “perdidos” pela estrada e a beleza
do país era de deixar qualquer um perplexo. Do navio até o hotel não cheguei a
pegar chuva, mas no momento de descer do ônibus uma cortina de chuva me impedia
de ver o cenário com clareza. Começava o teatro de Deus.
Depois de colocar tudo no quarto e trocar de roupa,
as cortinas foram abertas. O encontro com o paraíso foi demais pra minha cabeça
e exigiu algum tempo sentado na areia pra assimilar. Não sei se foi a cor da
água, a tranquilidade daquele espaço de areia ou apenas a sequência da peça. Foi
só depois de algum tempo que consegui acalmar o turbilhão de ideias e
informações.
Parei pra olhar em volta. Algumas casinhas que
serviam de quarto, um prédio em obra, a mistura de terra e areia tocando os pés
num caminho que levava até a praia. Do lado direito da praia, um
restaurante/bar que tocava reggae vinte e quatro horas por dia. Na frente, uma
paisagem que por não conseguir descrever, deixei registrada. E Bob Marley até o raiar do novo dia.
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