Tem vezes que as coisas ficam complicadas. De vez em
quando, depois de se ver tanta coisa, perde-se um pouco a motivação de
enfrentar os problemas porque o “monstro” é muito grande. Esse gás volta depois
de um tempo. Principalmente depois de passar um bom tempo no santuário, conhecido
também como Kipepeo Beach.
Apertou? Praia neles. Os tanzanianos dão nomes
diferentes a pedaços diferentes da mesma praia. É como se numa mesma faixa de
areia, por exemplo Copacabana, se tivesse Praia de Santa Clara, Praia de Figueiredo
de Magalhães, Praia da República do Peru. Não faz sentido nenhum, mas alguns
destes balneários são de propriedade privada. Daí a distinção.
Kipepeo custa cinco mil pra entrar aos finais de semana, com consumação.
Durante a semana é zero oitocentos. Lógico que à brasileira, a tática é entrar pela
lateral, terreno baldio, e pegar uma mesinha no esquema gratuito. Que me
perdoem os proprietários, mas cobrar cinco mil shillings (mais do que duas
refeições) só pra pegar uma mesa não dá não.
Acontece que a água morna do Oceano Índico é
sensacional e tem umas três tonalidades diferentes de azul. Pra melhorar o
cenário, uma calmaria sem fim. Nada de muitas ondas. Mentalizou? Agora imagina
uma natureza surreal ao redor, com menos de cem pessoas na areia mesmo durante
os finais de semana. Bem-vindo a Kipepeo
Beach.
A fórmula é quase de miojo. Trinta minutinhos dentro
do mar (com um ligeiro medo de tubarões, como sempre) e pronto. Pode sair da água
renovado e sem maiores preocupações. A praia privada ainda conta com
instalações de segundo mundo bem superiores às presentes na casa que habito. Então
praia é sinônimo de alegria e bem estar em todos os sentidos.
Aprendi há algum tempo atrás algo que não sabia
devido ao background urbano. Como existem diversas galinhas em volta da casa e ao
redor de Kibaoni (bairro), perguntei a um local como eles sabiam quais aves
eram de propriedade de quem. A resposta foi surpreendente: as galinhas sabem.
Quer dizer que o bicho pode ficar solto o dia inteiro que no final do dia vai
se recolher pra sua morada. Bacana.
Ninguém rouba galinha do outro porque existe uma
crença popular dizendo que aquele que confiscar uma galinácea que não de sua
propriedade irá passar mal e morrer. Não duvido de mais nada de cá. Ciente
dessas circunstâncias, bolei um plano mirabolante. Vou comprar um galo e soltar
ele no meio do nada. Ninguém jamais saberá que é meu e ele não vai ter pra onde
ir, intrigando toda a população. Quanta maldade.
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