Gás voltou, macarrão sem queijo pra dentro. Países
entrando em guerra, outros em situação de miséria. O mundo explodindo, discussões
exacerbadas ao redor do globo. Pra qualquer lugar do mapa que se aponta, existe
algum problema acontecendo. Nunca se passou por tempos de crise desta dimensão
e todos se perguntam: quem lava a louça?
O sistema até funciona. Tirando aquele sentimento gostoso
quando alguém pega o último gole de água da garrafa de plástico, some com uma
camisa sua ou come aquele alimento que você estava guardando na geladeira por
uma semana só pra se deliciar después.
Ou até aquele outro quando não há tomada disponível na casa pra carregar seus “equipameintos”
(leia à paulistana). Ou ainda quando alguém bota o secador de cabelo na tomada e explode o curto. Episódio narrado em tempo real, acabou de acontecer.
Compartilhando o tempo ocioso, criei junto com os
locais e a alemã um vídeo espetacular pra uma feira de carreiras da AIESEC.
Custou quatro dias, contando com o planejamento necessário e o script. Trata-se
de um stop motion sobre o evento, convidando
os alunos (estima-se mil alunos). Tá pronto, mas não tenho a peça no computer por agora. Nos próximos dias
puxo do YouTube sem falta.
Por falar de sharing,
compartilhei uma gripe nada legal nos últimos dias. Devido à contribuição de
todos ao gargalo da garrafa, a gripe se prolifera na casa mais rápido que peste
bubônica. Daí a atualização em ritmo irregular, ainda que diária. A suspeita de
malária é a primeira aposta, mas malária não entope nariz. Nunca fiquei tão feliz
de não sentir o gosto de nada.
Situação desesperadora me ocorreu nesta semana.
Fiquei na dúvida se deveria botar aqui ou não, mas acabei de decidir. A casa
conta apenas com um banheiro funcionando pra todos os moradores, certo? E o que
fazer quando o único sistema de saneamento da “residença” entope? Junto com a
gripe veio uma consequência estomacal punk
rock.
Como a água consumida é vendida em garrafas de até
dez litros, aproveitei a criatividade brasileira pra dar um jeito. Cortei a parte
de cima da garrafa grande e improvisei um vaso sanitário. Posso afirmar com
certeza que foi a pior experiência “banheirística” da minha vida. E você, já
abraçou seu assento hoje? Pelo menos sorri pro espelho do toalete, vai.
O dia foi de muita chuva. Por isso, elaborei uma nova
técnica de lavar a roupa. Disponho apenas de baldes e sabão em pó, então
funciona assim: misturar sabão com água (óóh), colocar todas as roupas e deixar
de molho. Nada novo, até a parte de pendurar as roupas ensaboadas pra chuva
tirar o sabão. Se mamãe não lava, mamãe natureza dá conta do recado.
Amanhã devo encontrar a coordenadora do projeto pela
última vez e comprar a passagem apenas de ida pra Moshi. Além do Kilimanjaro
pertinho, dizem que a cidade tem vários pontos interessantes pra se visitar.
Enquanto isso, vou me despedindo da casinha que tanto contribuiu comigo. Mesmo
com os ratinhos comendo o meu pãozinho do café da manhãzinha.
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