Fui conhecer os alunos do Kenton (novo colégio) hoje. Chegando
lá, ninguém nos aguardava. Os alunos estavam todos ocupados e o cidadão
responsável por deixar tudo esquematizado não comunicou ninguém. Sem
alternativa, recorremos à direção, que avisou que nada poderíamos fazer a não
ser começar as aulas na sexta-feira sem aviso prévio. Assim será.
Saindo do local, nos dirigimos ao Al Faruq, colégio/orfanato
muçulmano, pra lecionar (e aprender com eles) às três horas da tarde. Como os
alunos estão no período pré-prova, algumas aulas extras foram arranjadas no
mesmo horário da minha aula. Obviamente preocupados com resultados de exames e
notas, os alunos “optaram” por assistir às aulas preparatórias pros testes.
A quarta-feira se encaminhava ao fracasso, não fossem
quatro acontecimentos espetaculares e nem um pouco planejados que fizeram desse
dia uma aula de vida. Enquanto eu esperava o “começo” da minha aula, aguardando
um quórum mínimo de alunos pra valer a pena, conversei com algumas meninas do
orfanato muito simpáticas. Como estava esperando os alunos voltarem do almoço,
perguntei se elas tinham almoçado e obtive como resposta um: não temos dinheiro
pra almoçar, só pra jantar.
Em segundo lugar, chamei um aluno extremamente
interessado e aplicado nas aulas de Direitos Humanos pra uma conversa
particular. Disse pra ele que era um dos meus melhores alunos, que ele
continuasse nessa pegada porque iria longe e me coloquei à disposição dele pro
que fosse necessário. Sareem me agradeceu o apoio confessando que queria ser
advogado assim como o pai, que faleceu defendendo os direitos de outra pessoa.
Esse é o caderno dele.
Depois, fui semifurtado quando subia no Dela-Dela.
Não vou explicar muito agora porque quero falar da violência no blog amanhã. To
bem, o ladrão não levou nada de mim, apenas uma provável surra dos populares
que testemunharam a tentativa de furto do rapaz. Não concordo com essa técnica
e não vi acontecendo, mas espero que ele não tenha apanhado. Agora, tentativa
de assalto pra cima de moi? Malandro é
malandro e mané é mané.
A última experiência desse dia imprevisível foi ter feito
um Rafiki (amigo) de Malauí no
transporte de volta pra casa. Ele contou que veio pra Dar Es Salaam fazer um
curso de acrobacia, já que estava se formando na cidade natal em arte e
acrobacias. Seu sonho era ser do circo. Com um inglês impecável, me explicou
que na língua natal (Chewa), não
existem números. Então as crianças aprendem o idioma desde cedo pra poder fazer
cálculos. Incrível.
Não é só na África que existem milhões de
oportunidades de fazer de um dia arruinado uma oportunidade de aprendizado.
Todo dia passamos por situações negativas e prestamos mais atenção em todo o
mal, perdendo inúmeras chances de agregarmos ou sermos agregados por outras
pessoas e fatos. Vamos abrir os olhos?
Bruno
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa , muito bom e aos poucos está me despertando a curiosidade .
Sucesso e sorte por aí.
Abraços
Rodrigo Lindenblatt
FLAMENGUISTA
Valeu Lindenblatt! Que bom cara! Qualquer dúvida aí estou à disposição pra gente trocar uma idéia depois!
ExcluirSaudações rubro-negras! Sucesso pra você também! Abração!