sexta-feira, 1 de março de 2013

A Sociedade Afluente

Como estou numa casa com mais duas chinesas, uma alemã e vários tanzanianos que moram comigo, decidi dedicar um tempo pra essas pessoas. A diferença de mentalidades é abissal, por viverem em sociedades tão estranhas se comparadas à brasileira, e ao mesmo tempo fascinante, pois possuem ideias e noções de mundo pouco comuns.

Ingênua que só ela
Já falei bastante das chinesas, principalmente quando o assunto é higiene. Mas o que impressiona realmente é a ingenuidade das mulheres. A cultura chinesa faz com que essas meninas se comportem como as crianças de doze, treze anos de idade do Brasil, inclusive em relação às brincadeiras que elas fazem entre si. É coisa de desenho.

O que incomoda não é nem esse aspecto, mas os chineses da casa se fecham em grupo de tal forma que não conseguem compartilhar e viver a experiência em conjunto. Eles trouxeram tanta coisa de fora que fizeram uma “mini-China” pela Tanzânia. Além de passarem o tempo todo falando mandarim, todo dia no café da manhã tem miojo ou sopa. E no almoço. E no jantar.

Beckenbauer
A alemã é minha parceira de projeto e tá sempre comigo nos trabalhos. Gente finíssima, embora o calor brasileño com a rigidez da Bavária não dê muito samba não. Muito apegada à política do “não-me-toque”, tá demorando pra quebrar essa falta de malemolência cintural, por mais que eu passe boa parte do tempo tentando fazer piadinha pra animar a figura. Beckenbauer ficaria orgulhoso.

Já os amigos da terrinha africana são sensacionais, animados e estão sempre dispostos a ajudar. É incrível como mesmo diante de tanta miséria e falta de perspectiva, todos eles tenham planos tão grandes. De todos que conversei, a maioria não só pretende abrir sua própria empresa, como já executam um plano todo estruturado pra atingir esse objetivo.

O que me ocorreu conversando com todos eles foi a quantidade de oportunidades de estudo sério e comprometido desperdiçadas na faculdade e até fora dela. Ao mesmo tempo em que aqui eles fazem o impossível pra atingir sonhos e metas, a garotada do nosso país ainda tá engatinhando rumo aos objetivos, tentando até protelar encarar a vida de frente.

Não digo isso sem fundamento, porque já fiz parte dessa turma. Não é fácil estar diante de decisões complicadas a tomar, por mais que já se saiba o caminho pretendido. A comodidade de estar no amparo familiar, confortavelmente estabelecido desde cedo pode fazer com que algumas pessoas jamais tenham esse tipo de enfrentamento, mesmo trabalhando e seguindo em frente.

Fecho hoje com as expectativas locais, pra esclarecer:

Um estuda ciência da computação e quer abrir uma empresa de publicidade online. Outro estuda administração e já tem a sua própria empresa online de compra e venda de mercadorias. Dois outros pretendem seguir a carreira artística e já movem montanhas pra comprar equipamentos de gravação.

A lógica final parece batida, mas na verdade é inovadora. Se cada um deles tivesse a oportunidade que temos, eu aposto que fariam bem mais do que muitos fazem. Não tem nada de errado não saber o que quer ou não ter planos pro futuro. O erro é afundar nesse sentimento de derrota, com tantas oportunidades bacanas na palma da mão.

2 comentários:

  1. Eu tinha esta visão dos africanos. Eles nos esportes refletem muito essa gana, esforço extremo para chegar aos seus sonhos e objetivos, vide "Jamaica abaixo de Zero", corredores quenianos, jamaicanos, seleções de Nigéria, camarões, senegal e outras tantas que nos surpreendem!!!!

    Instigante essa visão de futuro e corrida ao mesmo!!!

    Beijunda... saudades doidin!!!

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    1. É, é exatamente assim meu irmão! Haja raça por essas bandas de cá! E nós, privilegiados, preguiçando pra chegarmos a algum lugar! Beijo, saudades safado!

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