terça-feira, 19 de março de 2013

Don't Do Drugs


Saindo pra almoçar hoje debaixo de chuva com duas comadres e um compadre, fomos ao local preferido pra comer Chips Mayai. Finalizada a santa ceia de omelete de batata frita, compadre afirmou que precisava comprar água pois seu estoque de H2O chegava ao fim. Sozinho, lá se foi e nos encontrou posteriormente sem garrafa ou nada.

Como macaco velho não trepa galho seco, logo percebi que não se tratava de água mas de folhas. Não alface, mas plantas do capiroto, daquelas que menino Marley cultivava bastante durante sua trajetória rastafári. Algumas brincadeiras depois, compadre confessou realmente ter se dirigido ao meliante vendedor de herbáceas já que seu estoque havia acabado (essa frase era verdade).

Essa história apenas serve como ilustração de uma mentalidade que assola a Tanzânia: drogas. Na primeira casa que fiquei, percebi que os nacionais consumiam álcool até no café da manhã. Na segunda casa o fruto proibido não era mais etílico, mas proveniente do matagal (salve Bezerra). Uma parte considerável da população faz apologia aberta aos dois tipos nas ruas, através de camisetas e adesivos.

Não acredito que caiba qualquer julgamento nesta situação. Como é de conhecimento público, as drogas são muitas vezes utilizadas como válvula de escape aos problemas cotidianos. Confrontar a realidade africana pode levar indivíduos a procurarem uma “solução” na fuga. É mais fácil, ainda que absurdamente menos eficaz, correr das dificuldades do que ficar batendo cabeça até achar a saída.

Engraçado atestar que as drogas sintéticas e conhecidas como “pesadas” não chegaram aqui ainda. Apesar de existir todo esse movimento pró-drogas (embora não haja qualquer intuito de legalizar), os “escapes” utilizados aqui são maconha e álcool apenas. As outras não foram inseridas na sociedade. Não que não haja, mas não fazem parte do vocabulário da delinquência.

Outro dia ocorreu um incidente. Duas chinesas surtadas, acostumadas com o regime liberdade zero da bandeira vermelha, furtaram uma quantidade considerável de suplemento verde de compadre e sem saber o que fazer, ingeriram tudo. Passando muito mal, quase foram levadas ao hospital. Dia seguinte uma delas ainda veio me contar que havia brincado com os anjos nas nuvens. Só rindo mesmo.

Sou incapaz de opinar e criticar, mal ou bem, qualquer comportamento direcionado às drogas. Falta informação suficiente sobre as drogas em si e mesmo vivendo aqui, falta conhecimento sobre a severa condição em que vivem os cidadãos tanzanianos. Adianto que de acordo com estatísticas, 85% da população é pobre e vive com menos de um dólar por dia. Algum juiz se aventura?

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