sábado, 16 de março de 2013

Socialização Social: Parte 1


Um dos maiores aprendizados do intercâmbio é viver em comunidade. Não por causa do convívio com outras culturas e conflitos deste naipe, mas porque dentro da casa existe um verdadeiro regime de coletividade. Nada é seu, tudo é de todos. O meu chinelo é usado por homens e mulheres de várias idades e a comida adquirida deve ser comprada visando o paladar geral da nação.

O meu computador não é meu computador e fruta que eu comprei não é só minha. A bebida que eu bebo deve ser compartilhada e as atividades todas devem ser realizadas em grupo. Caso se queira sair do grupo pra entrar no computador, por exemplo, é quase desejado pedir licença. Ainda assim, se deve torcer pra que não haja ninguém curtindo um suor na sua cama. Acho que o que realmente é meu são as cuecas e a dignidade.

Exageros à parte, a vida dentro desta residência não é pra bom burguês. No começo foi bastante complicado entender essa lógica e fiquei muito ciumento em relação as minhas coisas. Quando sumiram com meu chinelo e o mesmo só brotou de noite foi difícil de aceitar. Afinal, que história é essa de sair pegando coisa dos outros assim sem pedir? Nunca tinha visto disso.

As time goes by, se passa não apenas a respeitar, mas até a gostar desse sistema. Algumas vezes, morrendo de hambre, fui surpreendido com a chegada de comida (grátis) de boa qualidade. Em outras, precisando de uma nova sandália, adotei um calçado de dedo de fora esperto que um chinês havia abandonado.

Cheguei a duas conclusões básicas em relação ao regime. A primeira é que, talvez por ter crescido e sido influenciado por uma sociedade “egoísta” (calma que ainda não virei o Che), tive imensa dificuldade em compartilhar os meus pertences. Um sentimento esquisito de posse que inicialmente prevalecia sempre que alguém tocava em alguma coisa minha. Com tanta dificuldade e tanto problema ao redor, não vale a pena agir dessa forma. Todo mundo junto é bem bacana também.

A segunda é que, por mais que seja bacana, todo mundo precisa de uma individualidade, de alguma coisa pra chamar de sua. Esse sistema faz com que os preguiçosos que não façam nada o dia inteiro acabem com a mesma fatia do bolo de quem ralou pra conseguir aquela batata-frita fria de final de noite. Esse modelo acaba gerando um comodismo fora do comum e uma injustiça não tão legal.


Resolvi variar e lancei um vídeo da casa aqui hoje! Vale a pena conferir pra quem queria ter uma ideia do cotidiano. Há algumas semanas, os sofás não existiam e todos os quartos estavam imundos. Assentos providenciados e uma limpeza geral sob batuta brazuca. Já tá dando pra chamar de casa. De todo mundo, mas também minha. Casa.

4 comentários:

  1. Cara, acho que preciso ir prai! Sou um tantinho egoísta com as minahs coisas também, sabe?!
    Não que não saiba dividir, não é isso. Mas as vezes a gente cresce sendo um tantão individualista né e sofre para se adaptar as outras realidades!
    Muito orgulho de você! Aprendo contigo sempre que entro aqui para ler...gosto de chamar o seu blog de "meu momento do dia"...
    Isso aqui é incrível! Parabéns querido!

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    1. Já te disse que fico bobão com os seus comentários! Orgulho recíproco, moça! Daqui a pouco tem mais momento do dia então! Hahaha.. Brigadú Net! Beijão

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  2. Boa irmão, gostei do video, ficou bem filmado e a resoluçao boa também. Ve se filma mais

    E assumo que a imagem criada por mim era bem pior do que foi.mostrado noo video. Hahahaha

    Sensacional texto, continie com os videos

    Beijo no coraçao

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    1. Hahaha, valeu irmão, filmarei mais!

      A casa é tranquila até, os arredores que devem ser mais parecidos com a tua imaginação, porque é bem pobre. Beijo, estamos juntos!

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