sábado, 9 de março de 2013

Naturaleza


Deixei agendada essa publicação pra não atrasar muito durante o final de semana que não estou em Dar Es Salaam. O que significa dizer que enquanto vocês estão lendo, eu to relaxando em alguma praia, dormindo num hotel meia estrela e curtindo o que há de melhor na Tanzânia (ainda que tecnicamente não seja Tanzânia). Merecidíssimo.

Fiquei perplexo de descobrir a relação dos habitantes da Tanzanía (como eles chamam o país) com a natureza, o que revela um lado do pêndulo muito curioso. Explico. Certa vez alguém me disse que a sociedade enfrenta sempre vários pêndulos, cujo equilíbrio é muito difícil de ser encontrado. Vou exemplificar pra ficar mais fácil.

A religião como explicação pros fenômenos que nos rodeiam era o parâmetro há alguns muitos anos atrás. O que significa dizer que historicamente, a religião dava respostas pra perguntas que eventualmente nos fazemos, filosofando e questionando a existência, o universo e por aí vai. Então veio a ciência, que mesmo com desconfiança popular, foi conquistando seu espaço até desbancar a religião como forma predominante de explicação do mundo. O pêndulo mudou de lado.

Não em todos os lugares. A relação dos locais com a natureza e os fenômenos de céu e terra ainda se baseiam majoritariamente em crenças e convicções relacionadas à fé. Enquanto degustava meu café da manhã, as senhoras (mãe e filha) que preparam o Chapati tomaram um susto com um trovão. Nesse momento chovia cântaros e as duas ficaram muito nervosas afirmando se tratar de Deus.

Não estou dizendo que não era o todo-poderoso nem questionando os métodos de interpretação de cá. Achei curiosa essa reação e procurando saber mais, descobri toda essa interação não apenas com a religião, mas também com a natureza. Comemos com as moscas, vivemos com galinhas e aranhas. Os animais são parte da cultura africana e tanzaniana, o que faz do convívio com os bichos algo extremamente natural.

Portanto, o pêndulo ainda está muito mais no crer do que no comprovar. O conhecimento empírico ainda não prepondera e até os colégios “sofrem” com essa dualidade. Como se trata de um momento de transição, acreditar no professor de química ou no pastor? Claro que cotidianamente, uma coisa não impede a outra. No entanto, aqui são considerados extremos quase que excludentes, exigindo uma “decisão”: ciência ou fé?

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