segunda-feira, 25 de março de 2013

Santuário

Tem vezes que as coisas ficam complicadas. De vez em quando, depois de se ver tanta coisa, perde-se um pouco a motivação de enfrentar os problemas porque o “monstro” é muito grande. Esse gás volta depois de um tempo. Principalmente depois de passar um bom tempo no santuário, conhecido também como Kipepeo Beach.

Apertou? Praia neles. Os tanzanianos dão nomes diferentes a pedaços diferentes da mesma praia. É como se numa mesma faixa de areia, por exemplo Copacabana, se tivesse Praia de Santa Clara, Praia de Figueiredo de Magalhães, Praia da República do Peru. Não faz sentido nenhum, mas alguns destes balneários são de propriedade privada. Daí a distinção.

Kipepeo custa cinco mil pra entrar aos finais de semana, com consumação. Durante a semana é zero oitocentos. Lógico que à brasileira, a tática é entrar pela lateral, terreno baldio, e pegar uma mesinha no esquema gratuito. Que me perdoem os proprietários, mas cobrar cinco mil shillings (mais do que duas refeições) só pra pegar uma mesa não dá não.


Acontece que a água morna do Oceano Índico é sensacional e tem umas três tonalidades diferentes de azul. Pra melhorar o cenário, uma calmaria sem fim. Nada de muitas ondas. Mentalizou? Agora imagina uma natureza surreal ao redor, com menos de cem pessoas na areia mesmo durante os finais de semana. Bem-vindo a Kipepeo Beach.

A fórmula é quase de miojo. Trinta minutinhos dentro do mar (com um ligeiro medo de tubarões, como sempre) e pronto. Pode sair da água renovado e sem maiores preocupações. A praia privada ainda conta com instalações de segundo mundo bem superiores às presentes na casa que habito. Então praia é sinônimo de alegria e bem estar em todos os sentidos.

Aprendi há algum tempo atrás algo que não sabia devido ao background urbano. Como existem diversas galinhas em volta da casa e ao redor de Kibaoni (bairro), perguntei a um local como eles sabiam quais aves eram de propriedade de quem. A resposta foi surpreendente: as galinhas sabem. Quer dizer que o bicho pode ficar solto o dia inteiro que no final do dia vai se recolher pra sua morada. Bacana.


Ninguém rouba galinha do outro porque existe uma crença popular dizendo que aquele que confiscar uma galinácea que não de sua propriedade irá passar mal e morrer. Não duvido de mais nada de cá. Ciente dessas circunstâncias, bolei um plano mirabolante. Vou comprar um galo e soltar ele no meio do nada. Ninguém jamais saberá que é meu e ele não vai ter pra onde ir, intrigando toda a população. Quanta maldade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário