sexta-feira, 29 de março de 2013

Moshi


Após onze horas dentro de um ônibus apelidado de galinheiro, por ter muito lixo no chão e gemer a cada quique do veículo na estrada de terra, cheguei a Moshi, a cidade do Kilimanjaro. Apesar do longo tempo de jornada, fui premiado várias vezes com cenários espetaculares. Pra fechar a exposição de dar inveja a qualquer biólogo/geólogo/geógrafo, o teto da África: Kilimanjaro.

O caminho seria ainda mais excepcional, não fosse pelo imenso contraste de miséria absoluta com a diversidade ambiental. Apesar das paisagens exuberantes e nunca antes vistas na história desse país, não dava pra ter uma sensação libertadora ou proveitosa. Aliás, não consegui ter sensação nenhuma, o que me frustrou muito. Momento vivido sem emoção é momento desperdiçado.

Talvez tenha me fechado pra não sentir o golpe das condições de vida lamentáveis que vi. Tudo bem, passou. Ademais, depois de algumas horas trancado num ônibus com vários locais, é fácil virar atração de circo. O Mzungu virou objeto de estudo de tal forma que nem em Harvard conseguiriam igualar a profundidade da análise. Que saco.

Prosseguindo, a cidade parecia e é de fato bastante convidativa. Bem mais pacata que Dar es Salaam, a economia gira em torno dos Mzungus que se aventuram por cá pra tentar subir o pico mais alto do continente, com seis quilômetros de altura. Eu queria, mas desembolsar mil dólares pela tentativa não tá pro meu bico não.

Depois de um jejum de vinte e quatro horas sem comer comida de verdade (resto de cereal ontem a noite e pacote de biscoito no terminal as cinco da manhã) e fedendo a percevejo velho, consegui tomar um banho quente num hotel meia estrela com jeitinho de cinco. Sem muita disposição de me aventurar em restaurantes distantes, morri no Chips Mayai do vídeo.


Além de sair pra comer, deixei agendado pra amanhã um tour ao redor do Kilimanjaro incluindo passeios por uma cachoeira bem famosa daqui e uma plantação de café. Começa às oito da matina e acaba às quatro da tarde. Como o quarto do hotel me custa nove dólares a diária incluindo café da manhã, deu pra desembolsar mais um cash nesta aventura tanzaniana. Amanhã digo como foi.

Pra fechar, queria falar de um cara que faz aniversário amanhã. Um cara que dá uns moles de vez em quando (assim como eu), que é teimoso feito mula no telhado e até chegou a se opor a essa experiência. Apesar de tudo, eu amo demais esse camarada e antes dele, minha vida era um saco. Literalmente. Parabéns antecipado e publicamente, pai. Você sempre será O cara pra mim. Muitos anos de vida pra que você possa me assistir ganhando várias argumentações de você, como essa da viagem valer a pena. Ponto pro filhão.

2 comentários:

  1. Oi,Farofa estou acompanhando seu blog.Adoro ler os posts

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Opa! Brigadão mas não sei quem é! Haha que bom que está acompanhando! Pode opinar ou sugerir o que quiser, fica à vontade! Beijo

      Excluir