terça-feira, 12 de março de 2013

O Céu: Parte 2


Ao chegar no hotel naquele sábado, resolvi não fazer absolutamente mais nada. Posso dizer que foi uma das melhores decisões que tomei. A praia convidava ao “dulce far niente”, expressão italiana que significa, ao pé da letra, o “doce de se fazer nada”. Acabei crocodilando na areia por horas, saindo como o réptil pra água morna e voltando ao lugar de origem.

Foi tão relaxante que ainda estou relaxado. Como hoje não tem aula, estou compartilhando diversos momentos de alegria com a cama de casa, que por incrível que pareça fez falta e gerou saudades. Mesmo com todos os problemas da residência, acaba se criando um apego ao lar doce lar. Não naquele lugar, nem naquele local, pois era lindo o seu olhar (tchururutchutchutchu).

O tal bar que tocava o melhor da música jamaicana (foto acima) continha uma frase que se encaixou perfeitamente na minha situação. Sem estender muito na filosofia, é engraçado pensar como as coisas conspiram a seu favor quando se está no caminho certo. Na expressão, não achei sentido pra rotina do restaurante, mas apenas pro meu trabalho voluntário.

Como Zanzibar é um ponto turístico, o almoço foi bem mais caro. Arroz com polvo me custou três mil e quinhentos shillings (mesma moeda), mais ou menos dois dólares e uns trocados. Sou tão mão-de-vaca que não jogo peteca pra não abrir a mão e dou tchau de mão fechada. Se o ambiente levava a pensar que era o próprio céu, o baixo custo de vida dava certeza. Que marravilha.

Nesse sábado ainda dei uma volta ao redor pra conhecer outras praias. Passei em frente ao Double Tree Resort (Hilton), que continha uma série de espécies estrangeiras pagando aproximadamente cento e cinquenta vezes o valor que eu desembolsava pelo mesmíssimo trecho praiano. Deixo registrada minha risada. As praias de Kendwa e Renco eram igualmente increíbles, mas por ser tudo absurdo, não dava pra ficar mais impressionado.

Ainda deu pra ver um pôr do sol daqueles. O quadro pintado com barquinhos descansando na água numa faixa de terra quase privativa clamava por uma fotografia. Por gostar de gravar momentos e sentimentos, e não apenas imagens, fotografei mentalmente aquela paisagem que pretendo guardar por muito tempo.

Fechei o dia numa festa estranha com gente esquisita que o marinheiro do barco nos levou na camaradagem. Sem dinheiro no bolso, por não ter trocado dólares, fiquei sem jantar. Sem luz, o local contava com um gerador e o rap em suaíle não parou. Voltei pro hotel pelo cansaço de ter acordado quatro e meia da manhã pra viajar até lá e pela esperança de ter um domingo igualmente espetacular.


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